RECURSOS
A didáctica prevista para a Matemática no ensino secundário pressupõe a possibilidade de uso de materiais e equipamentos diversificados:
*Material de desenho para o quadro e para o trabalho
individual (régua, esquadro, compasso, transferidor);
*Material para o estudo da Geometria no espaço
(sólidos geométricos, construídos
em diversos materiais: placas, arames, palhinhas, acetatos,
acrílico, plástio...);
*Quadro quadriculado e papel milimétrico;
*Meios audiovisuais (retroprojector, acetatos e canetas,
diapositivos, vídeo, ...);
*Livros para consulta e manuais;
*Outros materiais escritos (folhas com dados estatísticos,
fichas de trabalho, fichas de avaliação,
...). Prevê-se a possibilidade de recorrer a
fontes para fornecimento de dados estatísticos
(autarquias, clubes, hospitais, empresas, institutos,
cooperativas,...);
*Calculadoras gráficas com possibilidade de
introdução de um ou dois pequenos programas;
*Computador.
É considerado indispensável o uso de
*calculadoras gráficas que desempenham uma parte
das funções antes apenas possíveis
num computador e que apresentam uma sofisticação
crescente e preços cada vez mais acessíveis
(para demonstrações com todos os alunos,
calculadora com "view-screen);
*um computador ligado a um "data-show" para
demonstrações, simulações
ou trabalho na sala de aula com todos os alunos ao
mesmo tempo.
Deve tender-se para a constituição nas Escolas Secundárias de Laboratórios de Matemática que integrem estes recursos e outros que se venham a revelar necessários.
Tecnologia
Nos objectivos gerais indica-se que o aluno deve ser
capaz de:
*Interpretar fenómenos e resolver problemas recorrendo
a funções e seus gráficos(conhecimentos)
*Exprimir o mesmo conceito em diversas formas e linguagens
(capacidades/aptidões)
*Analisar situações da vida real identificando
modelos matemáticos que permitam a sua interpretação
e resolução (capacidades/aptidões)
*Formular generalizações a partir de experiências
(capacidades/aptidões)
Não é possível atingir estes objectivos
sem recorrer à dimensão gráfica,
e essa dimensão só é plenamente
atingida quando os alunos traçam uma grande
quantidade e variedade de gráficos com apoio
de tecnologia adequada (calculadoras gráficas
e computadores).
Não se trata aqui de substituir o cálculo
de papel e lápis pelo cálculo com apoio
da tecnologia, mas, uma vez compreendidos os processos
de cálculo envolvidos, os alunos devem saber
tirar partido da tecnologia para os cálculos
mais laboriosos. Na expressão feliz de Miguel
de Guzmán, os alunos devem ser preparados para
um "diálogo inteligente com as ferramentas
que já existem".
O uso de tecnologia facilita ainda uma participação
activa do aluno na sua aprendizagem como já
era preconizado por Sebastião e Silva, quando
escrevia no "Guia para a utilização
do Compêndio de Matemática" que "haveria
muitíssimo a lucrar em que o ensino ... fosse
... tanto quanto possível laboratorial, isto
é, baseado no uso de computadores, existentes
nas próprias escolas ou fora destas, em laboratórios
de cálculo".
O aluno deve contudo ser confrontado, através
de exemplos concretos, com os limites da tecnologia
e, caso haja tempo, pode ser referido o problema da
máquina de Turing, tal como o faz Ian Stewart
quando aborda os limites da computabilidade no seu
livro "Os problemas da Matemática".
Uso de calculadoras gráficas
Hoje já estão muito difundidas e a preços
acessíveis as calculadoras gráficas que,
além de serem também calculadoras científicas
completíssimas, possuem capacidades de programação
numa linguagem elementar, têm funções
estatísticas e traçam gráficos
estatísticos. Isto é, realizam todas
as funções das calculadoras científicas
e têm uma dimensão gráfica que
nelas não estava presente.
As calculadoras gráficas, que cada vez mais se
utilizarão correntemente, devem ser entendidas
não só como instrumentos de cálculo
mas também como meios incentivadores do espírito
de pesquisa. O seu uso é obrigatório
neste programa.
Tal como indica Bert Waits no seu texto The Power of
Visualization in Calculus(1992) e tendo em conta a
investigação e as experiências
realizadas até hoje, devem ser explorados com
a calculadora gráfica os seguintes dez tipos
de actividade matemática:
*Abordagem numérica de problemas;
*Uso de manipulações algébricas
para resolver equações e inequações
e posterior confirmação usando métodos
gráficos;
*Uso de métodos gráficos para resolver
equações e inequações e
posterior confirmação usando métodos
algébricos;
*Modelação, simulação e
resolução de situações
problemáticas;
*Uso de cenários visuais gerados pela calculadora
para ilustrar conceitos matemáticos;
*Uso de métodos visuais para resolver equações
e inequações que não podem ser
resolvidas, ou cuja resolução é
impraticável, com métodos algébricos;
*Condução de experiências matemáticas,
concepção e testagem de conjecturas;
*Estudo e classificação do comportamento
de diferentes classes de funções;
*Antevisão de conceitos do cálculo diferencial;
*Investigação e exploração
de várias ligações entre diferentes
representações para uma situação
problemática.
Os alunos devem ter oportunidade de entender que aquilo
que a calculadora apresenta no seu écran pode
ser uma visão distorcida da realidade; além
do mais, o trabalho feito com a máquina deve
ser sempre confrontado com conhecimentos teóricos,
assim como o trabalho teórico deve ser finalizado
com uma verificação com a máquina.
É importante que os alunos descrevam os procedimentos
utilizados e aquilo que se lhes apresenta. Não
é de admitir o uso da calculadora gráfica
desligado de quaisquer considerações
teóricas.
A calculadora vai permitir que se trabalhe com um muito
maior número de funções em que
diversas características, como os zeros e os
extremos, não se podem determinar de forma exacta;
estas funções são importantes
pois aparecem no contexto da resolução
de problemas aplicados. É muito importante desenvolver
a capacidade de lidar com elementos de que apenas uma
parte se pode determinar de forma exacta; é
importante ir sempre treinando os alunos na confrontação
dos resultados obtidos com os conhecimentos teóricos;
sem estes aspectos não se pode desenvolver a
capacidade de resolver problemas de aplicações
da matemática e a capacidade de analisar modelos
matemáticos.
Com os cuidados referidos, e como experiências
em Portugal e noutros países mostram, a calculadora
gráfica dará uma contribuição
positiva para a melhoria do ensino da Matemática.
Uso de computadores
O computador, pelas suas potencialidades, nomeadamente
nos domínios da representação
gráfica de funções e da simulação,
permite actividades não só de exploração
e pesquisa como de recuperação e desenvolvimento,
pelo que constitui um valioso apoio a alunos e professores,
devendo a sua utilização considerar-se
obrigatória neste programa.
Segundo estatísticas recentes, existem em Portugal
em média 20 computadores por Escola Secundária.
Estes computadores devem também estar ao serviço
da disciplina de Matemática.
Os alunos devem ter oportunidade de trabalhar directamente
com um computador, com a frequência possível
de acordo com o material disponível.
Vários tipos de programas de computador são
úteis e enquadram-se no espírito do programa.
Programas de Geometria como o Cabri-Géomètre,
de Cálculo Numérico e Estatístico
com uma Folha de Cálculo, de Gráficos
e demonstração como o Funções
(Vitor Teodoro - editado pelo ex-GEP, disponível,
tal como outros, no DEP-GEF), o MicroCalc (Harley Flanders),
de Álgebra Computacional como o DERIVE ou o
Mathematica, ou de simulação como os
da série Soft-Ciências (editados pelas
SPF, SPQ e SPM), fornecem diferentes tipos de perspectivas
tanto a professores como a alunos. Outros programas
começam igualmente a aparecer no mercado português.
Neste sentido recomenda-se enfaticamente o uso de computadores,
tanto em salas onde os alunos poderão ir realizar
trabalhos práticos, como em salas com condições
para se dar uma aula em ambiente computacional, além
do partido que o professor deve tirar como ferramenta
de demonstração na sala de aula usando
um data-show com retroprojector.
O trabalho com computadores deverá ainda ser
explorado e desenvolvido em todos os trabalhos da Área
Escola em que tal se proporcionar e ainda nas disciplinas
de Informática constantes do currículo
(como a Introdução às Tecnologias
da Informação), em ligação
com a disciplina de Matemática.
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