Conferência
proferida na sessão de homenagem a José Vicente Gonçalves
que teve lugar no Departamento de
Matemática da Universidade
de Coimbra no dia 4 de Dezembro de 1996
Boletim da SPM
1997, nº 37, pg. 47-55
Vicente Gonçalves e a
História da Matemática em Portugal
Jaime Carvalho e Silva
Departamento de Matemática, Universidade
de Coimbra
José Vicente Gonçalves
escreveu um número considerável de trabalhos que poderíamos
classificar na área de História da Matemática, na
sua maioria relativos à História da Matemática em
Portugal. Além do primeiro que escreveu, um dos mais brilhantes
escritos sobre a História da Matemática em Portugal e que
é certamente o mais conhecido,
Análise do Livro VIIII dos
Principios Mathematicos de José Anastácio da Cunha,
Congresso do Mundo Português, 1940, vol. I, pp. 123-140.
escreveu ainda mais os seguintes trabalhos
de História da Matemática, ou contendo uma parte substancial
relacionada com a História da Matemática:
Henri Lebesgue, Gazeta de Matemática,
1942, ano III, nº 12, pp. 2-3.
Espírito utilitário,
Ciência (Rev. AEFCL), 1948, vol. I, nº 1, pp. 9-11.
Cumprimentos a Mira Fernandes aquando
da sua jubilação, Boletim da Academia das Ciências
de Lisboa, 1954, vol. XXIV, pp. 174-177.
Prof. Mira Fernandes, Boletim da
Academia das Ciências de Lisboa, 1958, vol. XXX, nº 2, pp.
168-171.
Prof. Mira Fernandes, Estudos de
Matemática, Estatística e Econometria, 1958-59, vol.
III, pp. 5-6.
Elogio de Rey Pastor aquando do seu
falecimento, Boletim da Academia das Ciências de Lisboa, 1962,
vol. XXXIV, pp. 335-337.
Cumprimentos a Ramos e Costa aquando
da sua jubilação, Boletim da Academia das Ciências
de Lisboa, 1963, vol. XXXV, pp. 379-380.
Elogio Histórico de Pedro José
da Cunha, Memórias da Academia das Ciências de Lisboa (Classe
de Ciências), 1966, vol. IX, pp. 85-91.
Discurso de recepção
do académico de número Professor Manuel dos Reis, Memórias
da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Ciências),
1966, vol. IX, pp. 93-111.
Aureliano de Mira Fernandes, Investigador
e Ensaísta, prefácio a Obras completas de Aureliano de
Mira Fernandes, 1971, vol. I, pp. V-XXI.
O Professor António Almeida
Costa, Memórias da Academia das Ciências de Lisboa (Classe
de Ciências), 1974, vol. XVII, pp. 189-193.
Relações entre Anastácio
da Cunha e Monteiro da Rocha (1773-1786), Memórias da Academia
das Ciências de Lisboa (Classe de Ciências), 1976-77, vol.
XXI, pp. 37-60.
Escolaridade de André de Resende,
Memórias da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de
Ciências), 1983, vol. XXV, pp. 237-250.
Passos de Pedro Nunes ao serviço
do Rei, Memórias da Academia das Ciências de Lisboa (Classe
de Ciências), 1984-85, vol. XXVI, pp. 21-51.
Passos de Pedro Nunes ao serviço
do Rei, in História e desenvolvimento da Ciência em Portugal,
vol. I, 1986, pp. 13-42.
Pode parecer surpreendente que inclua
neste lote de trabalhos as intervenções mais ou menos protocolares
na Academia das Ciências. Acontece que em todas elas José
Vicente Gonçalves faz referências relevantes à História
da Matemática em Portugal tanto a mais antiga, como a mais recente.
Por exemplo no
Discurso de recepção
do académico de número Professor Manuel dos Reis, Memórias
da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Ciências),
1966, vol. IX, pp. 93-111.
proferido em 14/6/1962, José Vicente
Gonçalves elogia sobremaneira o trabalho de índole histórica
de Manuel dos Reis "O Regimento do Norte na astronomia náutica portuguesa
da época dos descobrimentos", afirmando ser um "primor de crítica
científica", com argumentação "bem articulada", e
ser "copiosamente instruída" assim como "discretíssima na
inteligência dos factos, moderada na repreensão dos erros".
Nesta mesma intervenção
prova que a admissão de Manuel dos Reis na Academia das Ciências
é fundamentada e não provém de alguma tradição
anquilosante que automaticamente inclua os directores do Observatório
Astronómico da Universidade de Coimbra, declarando: "Ao abrir
as suas portas a Academia apenas se determinou por razões de mérito,
sendo veridicamente irrelevante a circunstância de a pessoa em consideração
estar ou não à testa de um Instituto literário ou
científico." Em apoio da sua tese cita os casos de Monteiro da Rocha,
Luciano Pereira da Silva, Aquino de Carvalho e Sousa Pinto que foram admitidos
na Academia das Ciências antes de terem sido directores do Observatório
Astronómico.
No trabalho
Elogio Histórico de Pedro
José da Cunha, Memórias da Academia das Ciências
de Lisboa (Classe de Ciências), 1966, vol. IX, pp. 85-91.
é "moderado na repreensão
dos erros" ao criticar alguns trabalhos de Pedro José da Cunha,
mas não deixa de o fazer de forma clara e algo original para a época.
Tal como tem sido defendido recentemente por João
Filipe Queiró (in "A Matemática (1537-1771)", em curso
de publicação), José Vicente Gonçalves afirma
peremptoriamente:
"O caso das matemáticas puras
afigura-se-me totalmente diferente. No período em consideração
[1500-1600], não se vê entre nós cultura matemática
nem antes de Nunes, nem depois de Nunes, nem em vida de Nunes."
Esta posição é muito
relevante, apesar de minoritária entre os historiadores portugueses
da Matemática até então, contradizendo claramente
posições pouco fundamentadas de Gomes Teixeira ou Rudolfo
Guimarães.
Já não será tão
merecedor de elogios o trabalho
Relações entre Anastácio
da Cunha e Monteiro da Rocha (1773-1786), Memórias da Academia
das Ciências de Lisboa (Classe de Ciências), 1976-77, vol.
XXI, pp. 37-60.
em que José Vicente Gonçalves
pretende não só explicar as razões do diferendo entre
José Monteiro da Rocha e José Anastácio da Cunha,
mas ainda indicar quem teria razão.
Várias passagens deste trabalho
me parecem insuficientemente fundamentadas. Por exemplo, na página
55, escreve: "Fisicamente adoentado (já em 1776 se queixava da cabeça)
e em contínuo sobressalto, Anastácio da Cunha nem sempre
é exacto em suas declarações ao Santo Ofício."
E exemplifica essas contradições. Num sítio o lente
penitenciado declara "(...) ter aprendido (...) física e matemática
por sua curiosidade e sem mestre." Noutro passo declara que os seus estudos
"(...) abrangem tão só gramática, retórica
e filosofia." E José Vicente Gonçalves afirma que "Esta última
declaração, que em tudo nos parece verdadeira, revoca aos
Neris a iniciação em física e matemática."
Não me parece que José Vicente Gonçalves possa criticar
a variabilidade das declarações de José Anastácio
da Cunha ao Santo Ofício, atendendo à natureza intimidatória
deste. Além do mais, parece-me estranho que Vicente Gonçalves
aceite a segunda afirmação sem fundamentação
visível. E além do mais esta afirmação nem
me parece ser verdadeira. Com efeito, numa biografia aparecida numa enciclopédia
francesa
Michaud,
Biographie Universelle ancienne et moderne, 1813.
podemos ler no volume IX (pp. 567-568):
"Son père, architecte décorateur
de théatre, lui donna quelques leçons de dessin et perspective,
et l'envoya au collège des oratoriens pour y apprendre le latin.
Le hasard fit tomber entre les mains du jeune da Cunha Les Éléments
de Géométrie du P. Tosca, et dès lors l'étude
de ce livre devint son amusement favori. Bientôt son génie,
comme celui de Pascal, lui fit remplir les vides, et corriger les imperfections
que l'auteur avait laissées dans son ouvrage. Un des pères
de l'Oratoire lui donna les Éléments d'Euclide par
Tacquet. On lui prêta une grammaire française, un dictionnaire,
et quelques livres dans lesquels, presque sans aide, il apprit le français
et puisa ses premières connaissances."
Esta referência, a ser verdadeira,
prova que o estudo de José Anastácio da Cunha foi essencialmente
autodidacta, "sem mestre". Não me parece aliás que a nota
biográfica acima referida tenha merecido a atenção
adequada dos historiadores e suspeito mesmo que essa nota biográfica
poderá ter sido inspirada na "Notice sur la vie de J.A. da Cunha"
referida por João Manuel de Abreu (ou ser mesmo essa "Notice") e
que se perdeu.
No mesmo trabalho atrás referido
José Vicente Gonçalves escreve, na página 42, citando
uma carta de D. Francisco de Lemos:
"(...) os que frequentam a cadeira
extraordinária do Dr Ciera dão a maior parte deles boa conta
de si (...)". Esta carta (...) não faz decerto grande crédito
à pedagogia de Cunha.
É curioso que Vicente Gonçalves
aceite esta carta como prova da incapacidade pedagógica de José
Anastácio da Cunha, quando se sabe que a pedagogia usual era a de
os alunos serem simplesmente obrigados a repetir de cor as proposições
dos Elementos de Euclides. Numa das cartas da polémica que manteve
com José Monteiro da Rocha, Anastácio da Cunha afirma categoricamente:
O meu modo de ensinar era
o que a minha consciencia e intelligencia perfeitamente conformes n'esse
ponto com o que os Estatutos mandam, me dictavam. Expunha o objecto
das proposições, a sua connexão e dependencia; o artificio
com que Euclides consegue quasi sempre unir a facilidade ao rigor geometrico;
e d'este procurava dar aos estudantes o conhecimento necessario. Não
me demorava em ler ou repetir litteralmente as proposições
que por faceis nem carecem de explicação, nem a admittem,
só para poder empregar tempo sufficiente em indicar aos estudantes
as verdadeiras difficuldades da lição, e facilitar-lh'as
quanto as minhas tenues forças o permittiam. (in "Factos contra
calumnias")
Não parece pois que a pedagogia
de Anastácio da Cunha fosse obrigatoriamente inadequada; seria certamente
melhor do que era o habitual na época de "ler ou repetir litteralmente
as proposições" do livro de texto adoptado. E se os alunos
davam "boa conta de si" em provas em que se exigia a reprodução
do livro de texto não significa isso que saibam mesmo matemática.
Estou mesmo em crer que Vicente Gonçalves não igualaria de
ânimo leve popularidade com competência.
Noutro passo Vicente Gonçalves
afirma, a propósito da proposta de José Anastácio
da Cunha para que um seu livro fosse editado pela Faculdade, o seguinte
(pág. 45):
Na Congregação, Ciera
e Franzini, considerando a mudança de texto ofensiva a Monteiro
(tradutor de Bezout), levaram o texto para exame e não mais deram
seu parecer.
É certo que Anastácio da
Cunha propôs para aprovação o que se supõe ser
a primeira versão dos seus famosos "Principios Mathematicos". Mas
em nenhuma parte da Acta da Congregação da Faculdade de Matemática
aparece minimamente indiciado que a mudança de texto fosse "ofensiva"
a quem quer que seja. As Actas dizem simplesmente:
E prepondo o D.or José Anastacio
Lente de Geometria hum Compendio dos Ellementos praticos da mesma Geometria,
por metodo mais breve e mais facil p.a os Estud.es apprenderem; se mandou
examinar pelos mais Professores.
A controvérsia pública posterior
entre Anastácio da Cunha e Monteiro da Rocha refere-se a este episódio
mas foi demasiado azeda para se poderem tirar conclusões seguras
sobre o que aconteceu realmente. Mesmo assim o episódio não
é relatado nessa controvérsia com a interpretação
que Vicente Gonçalves lhe dá.
Parece pois que muitas das afirmações
estão insuficientemente fundamentadas e não são de
modo nenhum compatíveis com a qualidade da análise patenteada
nos restantes escritos. É uma incógnita a razão das
falhas deste texto.
Nos seus trabalhos, Vicente Gonçalves
faz inúmeras referências a matemáticos portugueses
seus professores ou seus contemporâneos, cultivando, como bem observou
Tiago de Oliveira (in J. Tiago de Oliveira, Elogio Histórico
de Vicente Gonçalves, Memórias da Academia das Ciências
de Lisboa (Classe de Ciências), 1987, vol. XXVIII, pág. 207-224
(Obras completas, vol. II, pp. 463-480).), o "saber admirar". Por exemplo,
no texto
Aureliano de Mira Fernandes, Investigador
e Ensaísta, prefácio a Obras completas de Aureliano de
Mira Fernandes, 1971, vol. I, pp. V-XXI.
Vicente Gonçalves refere-se à
educação de Mira Fernandes na Faculdade de Matemática
da Universidade de Coimbra, muito semelhante à sua própria
educação (Mira Fernandes fez o curso de 1904 a 1910 e Vicente
Gonçalves de 1913 a 1917):
A matemática que lá
aprendeu, porventura deficiente em extensão, foi indubitàvelmente
de boa qualidade formativa. Mira Fernandes estudou Cálculo com Sidónio
Pais, seguindo o curso de Gomes Teixeira: o mestre fulgia na cátedra
e o texto era então dos melhores. Aprendeu Análise com José
Bruno, seguindo ora Teixeira, ora Goursat, ora Picard, ao sabor de suas
perfeições, mas por vezes também seguindo o mestre,
que não raro aqui e além a todos sobrelevava; José
Bruno era inexcedível na arte de ensinar e Mira Fernandes foi seu
único ouvinte em 1907-08. Cursou Mecânica com Luís
da Costa, já nos seus sessenta e tantos mas ainda bem seguro na
matéria em que muito havia estudado e reflectido. No quinto ano
teve Mecânica celeste com Luciano Pereira da Silva, mestre primoroso,
superiormente inteligente e culto (...).
Noutro texto Vicente Gonçalves
descreve a relação com um dos seus professores que, embora
não referido explicitamente, se pensa ser José Bruno de Cabedo:
Acabara a lição de
Álgebra Superior (Ö) fomos acompanhando o Mestre pela Rua Larga,
a caminho de sua casa. Enchia-nos de orgulho ir ali junto com um homem
capaz de ombrear com as mais altas figuras da Matemática contemporânea,
e doía-nos a injustiça de não vermos seu nome
na galeria dos grandes mestres europeus, nem menção dos seus
trabalhos em livros da especialidade, ó quando deles tanto lustre podia
vir ao país. Neste redemoinho de juízos e sentimentos juvenis,
destrava-se o alarme da insensatez e parte de súbito a fremente
injunção ó Mande esse trabalho para França, para que
o ponham nos livros!
Ainda hoje nos punge a desolação
da resposta: "Que ideia! Isto é apenas o abc; nós em Matemática
estamos cem anos atrás dos franceses".
Tenho referido por vezes esta dura
lição, sempre que a julgo oportuna ou salutar; mas
nunca a entendi em desprimor dos universitários portugueses.
(in "Espírito utilitário",
Ciência (Rev. AEFCL), 1948, vol. I, nº 1, pp. 9-11.)
Note-se a expressão "doía-nos
a injustiça de não vermos (...) menção
dos seus trabalhos em livros da especialidade". Esta revolta de Vicente
Gonçalves justificará certamente o se ter dedicado em 1940
ao estudo da obra de Anastácio da Cunha, então praticamente
ignorado, e ao facto de nos seus manuais universitários ter mencionado
vários matemáticos portugueses, como sublinho mais adiante.
Num texto sobre Mira Fernandes refere
um episódio curioso, sintomático de como Vicente Gonçalves
estimulava nos seus alunos a admiração pelos mestres:
Este [Elementos da Teoria das
Formas Quadráticas] e outros trabalhos afins do Prof. Mira Fernandes
podem e devem ser ensinados aos alunos das nossas Faculdades.
Já se fez a experiência em Coimbra: e a tal ponto se tomaram
de entusiasmo os ouvintes e o expositor, que ali mesmo na aula se concertaram
em enviar ao Mestre insigne um telegrama de saudação e homenagem.
Nos sumários de Vicente Gonçalves
também se pode encontrar este mesmo espírito, conforme se
pode observar no sumário que aqui se reproduz (agradeço ao
meu colega António
Leal Duarte que me chamou a atenção para este sumário):
[imagem]
José Vicente Gonçalves
é autor de vários livros de texto, de que os mais conhecidos
são sem dúvida
Lições de Cálculo
e Geometria, vol. I, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1930.
Curso de Álgebra Superior, 1ª ed. Coimbra,
1933, 2ª ed. Lisboa, 1945, 3ª ed. Lisboa, 1953.
Ao longo destes livros, apesar de não
se encontrarem considerações históricas, há
muitas referências a trabalhos de matemáticos portugueses,
nomeadamente a Gomes Teixeira. Num outro livro menos conhecido
Álgebra Superior, Geometria
Analítica e Trigonometria Esférica, segundo as lições
do Exmo Sr. Professor Doutor Vicente Gonçalves, Coligidas por E.
Cortesão e M. Maia, I, Scientia Editora, 1942.
aparecem algumas referências históricas,
de que destaco a seguinte afirmação muito curiosa relativa
ao estudo dos números imaginários:
Para nós, portugueses há
que lamentar que Pedro Nunes não se tenha dedicado a este estudo,
uma vez que ele o conhecia por intermédio das álgebras italianas.
Outros livros, também menos conhecidos,
são aqueles que escreveu para o Ensino Secundário. Escreveu
os seguintes, todos editados pela Livraria Cruz de Braga (Tiago de Oliveira
apenas referencia 3 livros na bibliografia de Vicente Gonçalves
que elaborou ó Elogio Histórico de Vicente Gonçalves, Memórias
da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Ciências), 1987,
vol. XXVIII, pág. 207-224 (Obras completas, vol. II, pp. 463-480).
Como é muito difícil saber exactamente quais os livros escritos
por Vicente Gonçalves para o ensino liceal, são aqui apresentados
os livros existentes na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, com
a designação constante do respectivo ficheiro):
Compêndio de álgebra
para a 3ª, 4ª e 5ª classes do curso dos liceus. 1º
fascículo (3ª classe), Porto, 1935.
Aritmética prática e álgebra para
os anos 1º, 2º e 3º do curso dos liceus, Famalicão,
1937.
Compêndio de álgebra e trigonometria para
os anos 4º, 5º e 6º do curso dos liceus, Porto, 1937.
Compêndio de álgebra (3º ciclo),
Famalicão, 1937.
Compêndio de aritmética (3º ciclo),
Famalicão, 1939.
Todos contêm algumas referências
históricas. Aquele com mais referências é o segundo,
onde se encontra por exemplo o seguinte: "Os algarismos fixaram-se na sua
forma actual entre os séculos XIV e XV depois de muitas vicissitudes
de figura e de fortuna" seguido de uma nota de pé de página
curiosa: "Em Portugal, só no século XVI se tornou geral o
seu emprego, e nalgumas cidades da Europa andou a numeração
árabe excluída dos documentos oficiais". Este livro contém
ainda as seguintes notas históricas:
- números e numeração
(5 pg)
- distribuição de números
primos ("curiosidades" como a conjectura de Goldbach) (2 pg)
- origem e evolução do
conceito de função (4 pg)
Observamos assim que a História
da Matemática teve um papel muito importante na obra de José
Vicente Gonçalves. No trabalho
J. Tiago de Oliveira, Vicente Gonçalves
um mestre de rigor e de serenidade, Boletim da SPM, nº 9, 1986,
pp. 7-10 (Obras Completas, vol. II, pp.459-462).
o autor refere o seguinte:
Vicente Gonçalves deixou trabalhos
históricos inéditos, entre os quais sobre Pedro Nunes e D.
Francisco de Melo (matemático dos inícios dos anos quinhentos)
que a Academia vai publicar.
Faço votos para que estes trabalhos
sejam efectivamente publicados.