Fotografias de: Dieter Appelt, Anna e Bernard Blume, Thomas Florschuetz, Jürgen Klauke, Astrid Klein, Sigmar Polke, Klaus Rinke, Katharina Sieverding
Edífício Chiado, rua Ferreira Borges
Horário: 14.00-19.00
Sábado/Domingo: 10.00-12.30, 15.00-18.30
Encerra à Segunda-feira
Entrada Livre
Posto de venda de livros
Qual é, actualmente, o panorama da arte fotográfica na Alemanha? Para responder a esta pergunta seria necessária uma exposição global de todo o panorama da arte, já que a Fotoarte não se pode isolar dos restantes domínios artísticos. Uma vez que esta exposição pretendia apresentar grupos fechados de obras com pontos de partida e posições distintas, foi necessário restringir-se a uma selecção da obra de alguns - poucos - artistas que ao longo de muitos anos - a maioria há já várias décadas - utilizaram a fotografia como medium central do seu trabalho artístico ou juntamente com outras formas de expressão: pintura, artes gráficas performance, conferindo-lhe o mesmo valor.
Não pode fixar-se um ponto de partida comum para as suas concepções, já que são demasiado diferentes os princípios de um Klaus Rinke e de um Thomas Florschuetz, de uma Katharina Sieverding e de uma Astrid Klein. Encontramos aqui artistas do leste e de oeste, da Renânia e de Berlim, alguns vindos da performance e outros que trabalham a imagem com a complexidade do processo fotográfico. Uns pensam em termos de sucessões de imagens, outros em painéis de imagens compostas em rígidas inter-relações; uns preferem os formatos extremamente grandes, outros formatos médios, subtis, com todos os tons de cinzento técnicamente possíveis no preto e branco, e alguns utilizam nos seus trabalhos o desfocado e os cortes explícitos.
Apesar de todas estas diferenças, talvez os una o conceito de "criar imagens", o conceito da fotografia como "quadro" com todas as suas qualidades, tanto formais como estéticas, como nas exigências do conteúdo. O que também se poderia compreender como uma "fome de quadros", para utilizar a justa expressão de Wolfgang Max Faust e Gerd de Vries em 1982, no pressagioso título do seu livros sobre a jovem pintura expressiva do início dos anos 80.
Já se observa uma consciente "condição de quadro" nas subtis primeiras fotografias a preto e branco de Astrid Klein, acertadamente já denominadas "grisaille", e nas novas fotografias em cor de Thomas Florschuetz, que se aproximam da pintura monocromática. "A Alemanha faz-se mais alemã", com o autoretrato torturado de Katharina Sieverding, converteu-se em quadro; a artista utiliza a força sugestiva da publicidade, modificando o seu significado. Jürgen Klauke concebeu, nos anos 70/80, séries de fotos encenadas formando painéis de quadros compactos e, actualmente, trabalha em grandes formatos com delicadas composições de películas de raios X.
Os valores de tons altamente diferenciados dos trabalhos fotográficos de Dieter Appelt estão muito próximos das possibilidades da expressão gráfica. Anna e Bernard Blume retomam, nas suas diminutas colagens de polaroids, elementos de quadros cubistas. Os quadros de Klaus Rinke, um pioneiro da foto-performance, por um lado reflectem performances e, ao mesmo tempo, são painéis de imagens mais ou menos construtivistas, montadas com rigidez, contráriamente aos trabalhos de Sigmar Polke aparentemente surgidos do acaso; a série de imagens "Marie's" tematiza precisamente a unidade do quadro a óleo e a imagem fotográfica. Polke é um dos pintores importantes da sua geração, interessante tanto na arte fotográfica como na cinematográfica.
As imagens são geradas na imaginação, os quadros produzem imagens, os quadros realizam-se através da transformação da realidade, através da intervenção do artista. A fotografia cria imagens novas, realizáveis apenas graças à sua técnica. O artista utiliza as possibilidades da fotografia como se de uma paleta se tratasse: modificações de formato, combinações de imagens, em parte assemelhando-se aos dípticos e retábulos dos altares, colagens, processos químicos e matizes subtilíssimos de tonalidades de cor, estratégias publicitárias da comunicação de massas, etc.
Cortesia: Goethe Institut