J. Agria Torres
Ordem dos Engenheiros
'Medir e Representar a Terra' é uma expressão que pode resumir a actividade do engenheiro geógrafo.
A medição e representação do espaço que nos rodeia, e do mundo, em geral, sempre foi uma necessidade do homem, para as suas diferentes actividades: transportes, estratégia militar, agricultura, caracterização da propriedade, planeamento, etc., sem excluir as de natureza predominantemente especulativa e científica.
Os processos de medição (geodesia) e representação (cartografia) da Terra foram evoluindo ao longo dos tempos, recorrendo a técnicas e tecnologias cada vez mais sofisticadas. Para além dos aspectos puramente tecnológicos, a conceptualização e modelação da realidade carecem de formulações matemáticas adequadas.
Para modelar matematicamente o espaço apresentam-se sempre várias possibilidades, que diferem entre si, por exemplo, do tipo de função e variáveis usadas, das técnicas numéricas associadas à capacidade e eficácia computacional, etc.. Deste modo, a representação do espaço depende da escolha dos números e das formulações matemáticas utilizadas.
Essa representação, sob a forma de cartografia tradicional ou, mais modernamente, visualização apoiada em sistemas de informação, condiciona a nossa forma de ver o mundo. Em tudo isto, obviamente, a Matemática não é inocente.
Na presente comunicação faz-se uma retrospectiva da evolução dos processos de medição e representação da Terra e aponta-se, com alguns exemplos, de que modo a nossa percepção do espaço e dos factos pode ser condicionada pelos números e formulações matemáticas. Em suma, descobrir algumas das teias com que a matemática enreda a realidade.