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FEVEREIRO 2002
10:00-11:30
Auditório da Reitoria
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António
Estácio dos Reis, Lisboa
O NÓNIO DE PEDRO NUNES
Quando os Portugueses,
a partir do fim do século XV, começaram a fazer navegação
astronómica para se orientarem em viagens oceânicas,
usaram, especialmente, o quadrante e o astrolábio para determinar
a altura dos astros.
As escalas destes
instrumentos, eram graduadas de 0 a 90º e os graus não
eram subdivididos. Assim, as fracções destes eram
calculadas a olho e, portanto, o seu valor dependia de avaliação
pessoal.
Pedro Nunes
apercebeu-se deste problema e procurou resolvê-lo. Levi ben
Gerson (1288-1344) já tinha imaginado a chamada escala diagonal,
que era uma solução aceitável e que admitimos
que Pedro Nunes desconhecia. Por isso apresentou, em 1542, no seu
De Crepusculis, uma proposta com o dispositivo que veio a
ter a designação de nónio.
Este dispositivo,
que se baseia na construção de mais 44 escalas paralelas
à principal constitui uma solução genial, mas
que se tornou de difícil resolução prática.
Todavia, e é esse o grande mérito, desencadeou a investigação
sobre o assunto que veio a conduzir à solução
apresentada, em 1631, por Pierre Vernier, com o seu sector móvel.
Além
do nónio, Pedro Nunes apresentou na sua obra de Arte atque
ratione navigandi libri duo (1573) outros dois instrumentos
náuticos, um deles o anel náutico e o outro
o instrumento de sombras, onde mostra o seu génio
inventivo, pois transfere a leitura da altura do Sol para uma escala
Horizontal.
Henrique
Leitão, CFMC, Universidade de Lisboa
PEDRO NUNES E COPÉRNICO
A obra científica
de Pedro Nunes está ainda na sua maior parte por estudar.
Em particular, os trabalhos constantes da edição latina
de 1566 (depois re-editados em 1573) - isto é, aqueles trabalhos
que o próprio Pedro Nunes considerava mais importantes -
nunca foram objecto de estudo pormenorizado. Como consequência
deste estado de coisas, a apreciação que habitualmente
se faz das contribuições de Nunes e do seu perfil
intelectual é muito incompleta, e algumas vezes mesmo incorrecta.
Nesta comunicação
analisamos os comentários e as críticas que Pedro
Nunes deixou escritos acerca do De revolutionibus orbium coelestium
(1543) de Nicolau Copérnico. Essas apreciações
são de grande interesse, quer do ponto de vista técnico,
quer na perspectiva mais geral do conhecimento e difusão
do copernicianismo em Portugal. São ainda de grande importância
pois documentam o modo como a obra de Copérnico foi recebida
pelos maiores astrónomos-matemáticos da Europa antes
da década de 70 do século XVI, um aspecto de grande
interesse na história da astronomia.
Pretende-se
ainda deixar claro nesta comunicação que a aproximação
histórica às questões de ciência tem
como condição necessária, mas não suficiente,
o domínio dos termos científicos em apreço.
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