João Fernandes

O eclipse solar de 11 de Agosto de 1999

Em Portugal o eclipse foi visto como parcial variando a sua magnitude entre 62% em Faro e 77% em Bragança.

Muito se disse e escreveu sobre este fenómeno. Apesar de, astronomicamente falando, se tratar de um evento corrente, era muita a expectativa do público em geral na observação do último eclipse solar (total) do milénio.

Assim, Observatório e muitos astrónomos mobilizaram-se nesse dia no sentido de partilhar com o grande público as observações de mais um eclipse.

Em particular, o Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra foi convidado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia a organizar um dia de portas abertas com o objectivo de juntar astrónomos e público em geral, sobre o lema da observação do eclipse. A escolha desta instituição por parte do Ministério deve-se à realização de observações e estudo do Sol levados a cabo pelo Observatório há mais de 70 anos como foi salientado pelo Ministro da Ciência e Tecnologia, Prof. Doutor José Mariano Gago, que nesse dia fez questão de estar presente no Observatório Astronómico.

Prof. Mariano Gago

Foram muitos os que, na manhã de 11 de Agosto, se deslocaram ao Observatório. Uma estimativa aponta para um valor próximo das 1000 pessoas. Entre os presentes, e para além do titular da pasta da Ciência, podemos destacar as individualidades da Universidade de Coimbra, a saber o Reitor Prof. Doutor Fernando Rebelo, o Vice-Reitor Prof. Doutor Jorge Veiga, o Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Ciências e Tecnologia, Prof. Doutor Martim Portugal para além dos professores que representavam a Direcção do Departamento de Matemática. Em nome da Cidade, estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Dr. Manuel Machado e a Vereadora da Cultura da Câmara Municipal. O Governador Civil fez-se representar.

Dr. Manuel Machado

Muito importante foi a presença de astrónomos amadores que, trazendo o seu próprio equipamento, ajudaram à animação desta manhã de eclipse.

A partir das 8h30 da manhã, o público que se deslocou ao Observatório pôde encontrar vários telescópios instalados em frente ao edifício principal: alguns equipados com filtro para que a observação se pudesse fazer através da ocular do aparelho; outros permitiam a projecção do Sol sobre um ecrã e assim a uma observação simultânea por várias pessoas. Foram ainda distribuídos gratuitamente óculos ao público para que a observação se pudesse realizar em segurança.

Depois da observação do primeiro contacto (momento em que os discos solar e lunar se "sobrepõem" pela primeira vez), pelas 9h45 - horas locais - o Senhor Ministro inaugurou a exposição Eclipse Total, instalada no 1º andar do edifício principal. Com esta exposição pretendeu o Observatório aproveitar a presença do público para explicar o fenómeno, bem como divulgar o trabalho executado nesta instituição no âmbito do estudo da Física Solar. Realizou-se seguidamente uma visita ao pavilhão do espectroheliógrafo com o objectivo de proceder à observação do eclipse máximo que, em Coimbra, atingiu os 72 % pelas 11h00. Foi ainda explicado aos presentes o funcionamento do aparelho e sublinhando a tradição do Observatório no estudo da física solar.

Eclipse no seu máximo. Espectroheliograma na risca K3 tirado às 11h 03m (tempo oficial) de 11-08-1999

Pelas 12h20, deu-se a "separação" entre os discos solar e lunar – quarto e último contacto. O eclipse acabava e dava o mote astronómico para o fim de uma manhã de um convívio salutar entre público e uma instituição científica, com reais vantagens para ambas as partes.