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A investigação em astronomia
sofreu nas últimas duas décadas um desenvolvimento notável
quer a nível de recursos humanos quer a nível de capacidades
logísticas e institucionais. No início da década de
80, era reduzido o número de Doutorados portugueses em astronomia
(os dedos de uma mão talvez chegassem para os enumerar). Hoje, esse
número ultrapassa as quatro dezenas sendo que a maior parte realizou
o doutoramento no estrangeiro e se encontra já a trabalhar em Portugal.
Há ainda um número considerável de jovens portugueses a preparar mestrado e/ou doutoramento em astronomia. Do ponto vista mais institucional, e a partir do meio universitário, formaram-se grupos de especialistas em astronomia o que tem permitido (pelo menos em parte) acolher alguns dos jovens especialistas portugueses. São disso exemplo o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), o Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa (CAAUL) e o Centro Multidisciplinar de Astrofísica do Instituto Superior Técnico da Universidade Técnica de Lisboa (CENTRA). Constituindo grupos de menores dimensões (em número de investigadores) outras instituições de ensino superior, tais como as Universidades dos Açores, de Aveiro, da Beira-Interior, de Évora e da Madeira e o Instituto Politécnico de Bragança têm docentes seus a realizar investigação em astronomia. Todo este desenvolvimento veio juntar-se ao que, ao longo de décadas (mais de dois séculos no caso de Coimbra!), vem sendo desenvolvido nos Observatórios das Universidades de Porto, Coimbra e Lisboa em prol da astronomia em Portugal. É igualmente de realçar a diversidade de assuntos investigados hoje em dia pelos astrónomos portugueses: desde a atmosferas de planetas, até ao modelos de formação do Universo, passando pela física solar, descoberta de exo-planetas, formação e evolução estelar, estudo de galáxias, etc, etc, etc. Do ponto de vista das possibilidades de formação universitária, houve também enormes progressos: para além da licenciatura Física/Matemática - ramo astronomia (Universidade do Porto) que começou a funcionar em 1984, há a considerar actualmente dois mestrados em astronomia e Astrofísica (Universidades do Porto e Lisboa) e um em ensino da astronomia (Universidade do Porto). A todo este desenvolvimento tem estado ligado a apoio dado sob a forma de bolsas (Mestrado, Doutoramento e pós-Doutoramento) pela Junta Nacional de Investigação Científica Tecnológica e posteriormente pela Fundação para a Ciência e Tecnologia ao abrigo dos programas CIÊNCIA e PRAXIS XXI. Neste sentido é ainda de enfatizar o acordo de pré-adesão ao Observatório Europeu do Sul (ESO), que esteve em vigor durante 10 anos terminando em 2000 com a adesão de Portugal como membro de pleno direito daquele organismo. O ano 2000 assistiu também à entrada de Portugal na Agência Espacial Europeia. Este avanço na astronomia dita profissional foi acompanhado por um enorme desenvolvimento na astronomia amadora. São inúmeros os clubes e associações de astronomia criados nos últimos anos e espalhadas um pouco por todo o país: de associações privadas a escolas do ensino básico e secundário, de centros recreativos e de tempos livres a estabelecimento prisionais. A astronomia é hoje, no público em geral, uma ciência que desperta cada vez mais interesse com um número crescente de "adeptos". Não está dissociada deste crescente interesse do público, a atenção dada a esta área pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, através da Unidade de Ciência Viva apoiando no terreno o trabalho de astrónomos de "boa vontade" profissionais ou amadores. Perante este cenário é legítimo acreditar que existem actualmente condições em Portugal para a criação (ou se quisermos, a renovação) de uma comunidade de astrónomos. No Verão de 1997 por ocasião do "7º Encontro Nacional de Astronomia e Astrofísica", realizado no Observatório Astronómico da Universidade de Coimbra, foi proposto e aceite pelos participantes a criação da Sociedade Portuguesa de Astronomia (SPA). Foi no entanto necessário esperar mais de dois anos para que a SPA se tornasse uma realidade. Criada em 21 de Dezembro de 1999 a SPA tem por objectivo contribuir e promover o desenvolvimento da Astronomia, no seu sentido mais lato, em Portugal, por todos os meios ao seu alcance. É uma associação, sem fins lucrativos, aberta à adesão como Sócios de todos os indivíduos, nacionais ou estrangeiros, que partilham dos mesmos objectivos, tal como definidos na criação da Sociedade. Concretizando, os objectivos desta sociedade são:
Neste sentido a SPA pretende vir a ser um interlocutor privilegiado junto dos organismos nacionais e internacionais relativamente aos assuntos que digam respeito ao desenvolvimento da astronomia portuguesa. Para mais informações contactar: SOCIEDADE PORTUGUESA DE ASTRONOMIA
Tel: (+351) 226 089 830 - Fax: (+351) 226 089 831
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João Fernandes
Astrónomo do OAUC Professor do Departamento de Matemática (membro da Direcção da SPA) E-mail: jmfernan@mat.uc.pt |
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