Reply-To: sem@cc.fc.ul.pt Originator: sem@cc.fc.ul.pt Sender: sem@cc.fc.ul.pt Precedence: bulkFrom: jaimecs@mat.uc.pt
X-Comment: Educacao em Matematica Esta' disponivel no endereco http://www.mat.uc.pt/~jaimecs/index.html um extracto substancial da primeira versao da Proposta da Equipa Tecnica nomeada pelo Ministerio da Educacao para ajustar os actuais novos programas de Matematica do Ensino Secundario introduzidos pela Reforma Educativa. Esta versao esta' disponivel para discussao publica ate' ao fim do mes de Maio. O que e' o Ajustamento dos Novos Programas de Matematica para o Ensino Secundario (10., 11. e 12. anos) O Departamento do Ensino Secundario do Ministerio da Educacao constituiu uma Equipa Tecnica para o eventual ajustamento do novo programa de Matematica dos 10., 11. e 12. anos, experimentado nos anos 1990/91, 91/92 e 92/93 e em fase de generalizacao a partir de 1993/94. O trabalho da equipa tecnica que devera' estar concluido em Outubro p.f., assumira', na sua versao final, a forma de uma proposta de "corpus" referencial obrigatorio compativel com os tempos lectivos estipulados por lei [4 horas por semana], integrando a reflexao produzida nos ultimos anos. O desenvolvimento do estudo e o sentido das propostas da equipa tecnica deverao responder `as necessidades sentidas pelos professores e `a urgencia de alguma uniformidade na leccionacao. Podera' ainda conduzir `a assuncao de outras medidas que ajudem a melhorar a aprendizagem da Matematica no Ensino Secundario, tanto no campo da formacao de Professores, como no campo da elaboracao de materiais ou, mesmo, diversificacao de gestao de programas. O Departamento do Ensino Secundario do Ministerio da Educacao esta' aberto `as sugestoes de todos os interessados (endereco: Av. da Boavista, 1311, 5., 4100 Porto). ----- ///////////////////////////////////////////////////////////////////// Jaime Carvalho e Silva Departamento de Matematica Universidade de Coimbra Apartado 3008 3000 Coimbra PORTUGAL Phone(office): 351-39-28097/8/9,351-39-29485,351-39-29539,351-39-29882 Fax: 351-39-32568 E-mail:jaimecs@mat.uc.pt WWW home page: http://www.mat.uc.pt/~jaimecs/index.html
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X-Comment: Educacao em Matematica Uma questao que me preocupa e a de saber se qualquer debate sobre o "reajustamento" dos programas do Ensino Secundario deve ou nao ter em conta uma perspectiva de longo prazo? Na verdade o Ministerio tera as suas razoes (que desconheco) para se propor fazer um simples reajustamento e nao uma mexida mais profunda nos programas. No entanto, como esse reajustamento so entrara em vigor na fase em que ja e (legalmente) possivel uma revisao mais substancial, nao vejo porque nao deve esta ser exigida. Como principais limitacoes dos actuais programas do Ensino Secundario, gostaria de apontar desde ja as seguintes: -carga horaria de4 horas semanais manifestamente insuficiente para alunos do cursos de matematica/fisica/engenharia -falta de diversificacao do programas neste nivel. Pelo menos deveriamos ter as seguintes areas (a) matematica/fisica/engenharia, c/ 6 horas semanais; (b) ciencias sociais e humanas: economia, gestao, psicologia, sociologia, c/ 6 horas semanais; (c) humanisticos c/ 3 horas semanais; (d) artes c/ 3 horas semanais (menos que 3 horas tambem nao e nada) -falta de explicitacao concreta dos objectivos ao nivel do raciocinio matematico, decorrente da ausencia duma componente investigativa, que tende a reduzir esses mesmos objectivos as tecnicas de calculo e compreensao de conceitos (que sao importantes, mas muito insuficientes) -presenca muito modesta de topicos de matematica discreta (por exemplo, grafos, programacao linear e mesmo da estatistica que pouco avanca em relacao ao terceiro ciclo) Antes de entrar em aspectos de maior pormenor, gostaria de conhecer algumas reaccoes a estas ideias Joao Pedro da Ponte
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X-Comment: Educacao em Matematica >Uma questao que me preocupa e a de saber se qualquer debate sobre o >"reajustamento" dos programas do Ensino Secundario deve ou nao ter em conta >uma perspectiva de longo prazo? > Tudo o que o Ministerio da Educacao faz deve ter uma perspectiva de longo prazo. A Educacao nao se altera a curto parzo, e a medio prazo... Infelizmente isso e' coisa que nao tem existido desde os tempos do Roberto Carneiro (e mesmo assim muitas coisas haveria a dizer...) >Na verdade o Ministerio tera as suas razoes (que desconheco) para se propor >fazer um simples reajustamento e nao uma mexida mais profunda nos >programas. As razoes sao obvias. Mexer no sistema o menos possivel. O importantae e' aguentar o barco 'a tona. Como a Matematica (e o Portugues) foram as areas de maior contestacao essas sao as areas em que vai haver ajustamentos. Mas mesmo assim, muito em circuito fechado (ouviram falar do ajustamento de Portugues?) Mas a lei diz que os programas do 3. ciclo e secundario devem ser revistos todos os tres anos. E' verdade que a lei nao concretiza como se faz isso... >No entanto, como esse reajustamento so entrara em vigor na fase >em que ja e (legalmente) possivel uma revisao mais substancial, nao vejo >porque nao deve esta ser exigida. > Aquilo que me apercebi e' que uma revisao mais substancial e' impossivel sem uma revisao do Decreto da Reforma Curricular. O que se pode fazer em 4 horas de Matematica por semana? Na realidade, na encomenda que a Equipa Tecnica recebeu ha' uma alinea a dizer que se podem incluir novos capitulos se isso for considerado relevante. Ou seja o Ajustamento podia ser quase uma revisao total. Mas eu pergunto: ha' condicoes objectivas para isso? >Como principais limitacoes dos actuais programas do Ensino Secundario, >gostaria de apontar desde ja as seguintes: > >-carga horaria de4 horas semanais manifestamente insuficiente para alunos >do cursos de matematica/fisica/engenharia Totalmente de acordo. Mas isso nao e' uma limitacao dos programas mas sim do Decreto da Reforma Curricular. > >-falta de diversificacao do programas neste nivel. Pelo menos deveriamos >ter as seguintes areas (a) matematica/fisica/engenharia, c/ 6 horas >semanais; (b) ciencias sociais e humanas: economia, gestao, psicologia, >sociologia, c/ 6 horas semanais; (c) humanisticos c/ 3 horas semanais; (d) >artes c/ 3 horas semanais (menos que 3 horas tambem nao e nada) > Exactamente. Mas nao sei se concordo com o facto de menos de 3 horas nao ser nada. Nao e' admissivel uma sessao unica de 2 horas por semana? >-falta de explicitacao concreta dos objectivos ao nivel do raciocinio >matematico, decorrente da ausencia duma componente investigativa, que tende >a reduzir esses mesmos objectivos as tecnicas de calculo e compreensao de >conceitos (que sao importantes, mas muito insuficientes) > Nao sei se percebo a que te referes, mas os objectivos gerais parecem-me incluir muitos objectivos de "raciocinio matematico". O que se pode dizer e' que depois lemos o detalhe do programa e nao vemos la' nenhum concretizado... >-presenca muito modesta de topicos de matematica discreta (por exemplo, >grafos, programacao linear e mesmo da estatistica que pouco avanca em >relacao ao terceiro ciclo) > Concordo. >Antes de entrar em aspectos de maior pormenor, gostaria de conhecer algumas >reaccoes a estas ideias Esperemos que o debate se desenvolva francamente. Jaime ///////////////////////////////////////////////////////////////////// Jaime Carvalho e Silva Departamento de Matematica Universidade de Coimbra Apartado 3008 3000 Coimbra PORTUGAL Phone(office): 351-39-28097/8/9,351-39-29485,351-39-29539,351-39-29882 Fax: 351-39-32568 E-mail:jaimecs@mat.uc.pt WWW home page: http://www.mat.uc.pt/~jaimecs/index.html
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X-Comment: Educacao em Matematica 1. Dos programas: desde o inicio, criticas generalizadas quanto a extensaeo; ME surdo; resposta posterior: diminuicaeo da escolaridade para 4h/s. Em 1MatForum houve uma tomada de posicaeo muito critica sobre este assunto. 2. Das areas: concordo, mas penso que naeo deve haver escolaridades inferiores a 4h/s. 3. Dos objectivos a nivel de raciocinio: pensar matematicamente, desenvolver actividades de exploracaeo em sala de aula, reformular enunciados, conjecturar, demonstrar, validar e institu- cionalizar conhecimentos, etc., etc, em 4h/s, com aulas de 50m, sem sala de matematica (lab. de mat.) ? pura utopia. Como sou adepto das utopias e de forcar a criacaeo de condicoees para que se possam tornar realidade. 4. Novos topicos - temas de matematica discreta - sim numa reformulacaeo coerente. 5. NOTA : Quaisquer que sejam as modificacoees a introduzir, sobretudo as de longo prazo, ha um ponto que e condicaeo sine qua non para o exito - A FORMAcAEO DE PROFESSORES - pedra de toque de todo o sistema. Ja agora: . urge redignificar a profissaeo PROFESSOR -- COMO? . urge captar bons alunos , (d)os melhores se possivel, para os cursos de matematica / ensino -- COMO? ate breve, Joaeo David Vieira +---------------------------------- | Joao Carlos David Vieira | Dep. Matematica | Universidade de Aveiro | Email : jdvieira@samantha.mat.pt | Fax : (034) 382014 | Telef : 370200 EXT 3407 +----------------------------------
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X-Comment: Educacao em Matematica Jaime, O que eh o programa FOCO? Cheers, Marisa /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Marisa Lucena KIDLINK KIDFORUM Assistant Coordinator mwlucena@inf.puc-rio.br ///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
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X-Comment: Educacao em Matematica >Jaime, >O que eh o programa FOCO? O programa FOCO e' um programa financiado pela Comunidade Europeia que tem apoiado (muito a conta gotas) accoes de formacao continua de professores. Na primeira versao as accoes especificas para o Ensino da Matematica nao eram apoiadas prioritariamente. Na segunda versao ja' o sao. Contudo e' preciso que algum organismo proponha accoes para que possam vir a ser, eventualmente, financiadas. Segundo informacao que recebi, o Departamento do Ensino Secundario do Ministerio da Educacao sugeriu em Dezembro passado ao organismo coordenador do programa FOCO que se realizasse um plano nacional de formacao continua de professores de Matematica, mas desconheco o seguimento dado a essa proposta. Na pratica a formacao continua de professores fica entregue a accoes voluntaristas de algumas Escolas Superiores de Educacao e Universidades e 'as realizacoes de Sindicatos e associacoes como a Associacao de Professores de Matematica e as Sociedade Portuguesa de Matematica. Mas abrangem um numero limitado de professores e nao se integram num plano nacional que responda 'as multiplas necessidades do Pais. Jaime ///////////////////////////////////////////////////////////////////// Jaime Carvalho e Silva Departamento de Matematica Universidade de Coimbra Apartado 3008 3000 Coimbra PORTUGAL Phone(office): 351-39-28097/8/9,351-39-29485,351-39-29539,351-39-29882 Fax: 351-39-32568 E-mail:jaimecs@mat.uc.pt WWW home page: http://www.mat.uc.pt/~jaimecs/index.html
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X-Comment: Educacao em Matematica Jaime, Obrigada pela informacao. Nunca havia ouvido falar no programa FOCO. Cheers, Marisa >O programa FOCO e' um programa financiado pela Comunidade Europeia que tem >apoiado (muito a conta gotas) accoes de formacao continua de professores. > >---------------------------------------------------------------------- > *Vale mais a queda do que a seguranc,a de estar parado* - "O Mocho" >---------------------------------------------------------------------- Maravilha! /////////////////////////////////////////////////////////////////////////////// Marisa Lucena KIDLINK KIDFORUM Assistant Coordinator mwlucena@inf.puc-rio.br ///////////////////////////////////////////////////////////////////////////////
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X-Comment: Educacao em Matematica Aqui vao alguns comentarios sobre a proposta de ajustamento dos programas do ensino secundario. Duma maneira geral, concordo com o espirito e a maioria das propostas apresentadas. Nao as indicarei aqui uma por uma (isso ficara' para o parecer final). Pelo contrario, chamarei a atencao para os aspectos de ambito geral que me parecem mais controversos. (1) O uso do computador nao deveria receber mais =EAnfase? As escolas que na= o tem esta tecnologia (ou que nao a tem dispon=EDvel para a disciplina de Matematica) devem no mais curto espa=E7o de tempo passar a ter! A unica form= a disso acontecer e' a sua enfase inequivoca nos programas. (2) Tendo em conta a reconhecida importancia da Matematica discreta (com que todos parecem concordar) deveria ter havido menos cortes nos temas de probabilidades e estatistica (nomeadamente o estudo da correlacao -usando a calculadora grafica - deveria permanecer no programa). (3) Entre o tema das conicas e o tema dos numeros complexos, a manutencao do primeiro parece ser mais aconselhavel. O estudo dos complexos facilmente degenera em simples calculo e as conicas podem ter um importante valor formativo, ligando algebra e geometria. (4) Ser=E1 que vamos assistir ao anacronico regresso da L=F3gica como cap=ED= tulo organizado? Pegando agora numa parte especifica do programa -- relativa as funcoes --, registo com agrado -Que se tenha dado enfase ao estudo de fam=EDlias de funcoes -Que se tenha subordinado finalmente o estudo dos polinomios e das equacoes ao estudo das funcoes -Que se tenham evidenciado as funcoes polinomiais (incluindo nestas as quadraticas) -A introdu=E7=E3o dos conceitos de tvm e tv H=E1 no entanto dois aspectos que me parecem fortemente controversos (1) Introduzem-se funcoes e inequacoes com radicais e indice n (que nao existiam no programa anterior), e que nao parecem muito essenciais (com 4 horas semanais nao teremos mesmo que deixar alguma materia destre tipo para as disciplinas de Analise I?...) (2) A regra de Rufinni permanece, embora com estatuto inferior ao que tinha no programa anterior (estava no "desenvolvimento do tema", passa para os "objectivos") (p. 23); ora, conhecendo-se ou n=E3o alguma raiz, o mais indicado para decompompor um polinonio em factores sera' usar o programa DERIVE Joao Pedro da Ponte
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X-Comment: Educacao em Matematica Numa contribucao de JDVieira, dizia-se o seguinte: Quaisquer que sejam as modificacoees a introduzir, sobretudo as de longo prazo, ha um ponto que e condicaeo sine qua non para o exito - A FORMAcAEO DE PROFESSORES - pedra de toque de todo o sistema. Ja agora: . urge redignificar a profissaeo PROFESSOR -- COMO? . urge captar bons alunos , (d)os melhores se possivel, para os cursos de matematica / ensino -- COMO? ----------------- Este problema e' realmente fundamental e penso que deve merecer a nossa melhor atencao. Tenho para mim a seguinte premissa: * A dignificacao da profissao do professor de Matematica so' pode ser feita com o concurso activo e o protagonismo dos proprios professores de Matematica. Sem pretender sobre-simplificar, diria ainda que tratando-se de um problema sistemico, ele so poderr=E1 ser resolvido com uma accao a v=E1rios niveis, incluindo: -o estabelecimento da profissao docente como uma profissao a tempo inteiro (e nao como part-time acumulavel com as actividades mais diversas, muitas das quais estimuladas pelo pr=F3prio Ministerio da Educacao) -a criacao dema estrutura de carreira diferente, com patamares diferenciados de acordo com as funcoes e n=EDvel de qualificacao (pode-se sugerir varios tipos de especialidades, como o apoio aos alunos com deficiencias, as novas tecnologias, a formacao, etc.) -uma efectiva responsabilizacao dos delegados de grupo (o sistema de nomeacao tera' que ser completamente diferente, garantindo que quem exerce estas funcoes sao de facto os mais competentes e com mais capacidades de lideranca) -um outro modelo de gestao escolar -a adopcao de uma postura profissional completamente diferente por parte dos professores em geral (tempo dedicado 'a escola e 'a colaboracao com os colegas, definicao do que sao as praticas profissionais recomendadas e nao recomendadas pela classe, etc.) E' claro que a formacao (e muito especialmente a auto-formacao) tera de desempenhar um papel importante neste processo de dignificacao profissional. Mas nao acredito que empanturrar os professores de formacao, contra a sua vontade, ou num sistema de cenoura-cacete como no passado proximo o fez o programa FOCO, represente um progresso muito significativo. Uma accao que poderia ser de grande alcance era os professores portugueses, seguindo o exemplo do NCTM, pensarem no que devem ser as suas Normas de conduta profissionais e como as passar 'a pratica Mas continua de pe' a questao: como levar o Minist=E9rio 'a adopcao duma politica coerente de valorizacao das escolas e dos seus recursos humanos? e para quando uma reforma capaz do sistema de gestao dos estabelecimentos de ensino? Joao Pedro da Ponte
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X-Comment: Educacao em Matematica Algumas observacoes: >(1) O uso do computador nao deveria receber mais enfase? As escolas que nao >tem esta tecnologia (ou que nao a tem disponivel para a disciplina de >Matematica) devem no mais curto espaco de tempo passar a ter! A unica forma > disso acontecer e' a sua enfase inequivoca nos programas. E' irrealista pensar que o Ministerio vai colocar "software" e computadores nas Escolas em tempo util. De qualquer modo a maioria dos objectivos pedagogicos e cientificos que tornam o uso de tecnologia recomendavel estao incluidos nas calculadoras graficas, ou nao sera'? >(2) Tendo em conta a reconhecida importancia da Matematica discreta (com >que todos parecem concordar) deveria ter havido menos cortes nos temas de >probabilidades e estatistica (nomeadamente o estudo da correlacao -usando a >calculadora grafica - deveria permanecer no programa). Os cortes nos temas de Probabilidades e Estatistica foram feitos em paragrafos que se deram mal com a experimentacao dos novos programas. A questao principal e': sera' possivel ensinar a correlacao de uma forma eficaz ao nivel do 10=BA ano de forma a que os alunos fiquem com a nocao minimamente dominada. Eu gostaria de ver uma abordagem satisfatoria e ainda nao vi nenhuma. >(3) Entre o tema das conicas e o tema dos numeros complexos, a manutencao >do primeiro parece ser mais aconselhavel. O estudo dos complexos facilmente >degenera em simples calculo e as conicas podem ter um importante valor >formativo, ligando algebra e geometria. Entre os dois "mon coeur balance". Se calhar o melhor e' ficarem os dois sacrificando algum outro aspecto (qual?). Mas a experiencia diz que o estudo das conicas e' que degenera mais facilmente em simples calculo. Equacoes de todos os tipos, formulas para vertices, focos, excentricidade, etc. Muito calculo existe tambem nos numeros complexos mas desde a interpretacao geometrica 'a passagem para a forma trigonometrica (em que se recorre 'a trigonometria) 'a descricao de dominios planos usando numeros complexos acho que existe uma matematica muito rica. Sem contar com a introducao historica dos numeros complexos em que os alunos poderao ver uma ciencia em construcao, e com a possibilidade de se fazerem demonstracoes de geometria usando numeros complexos (ultima seccao introduzida na proposta de ajustamento). Uma possivel abordagem das conicas via seccoes conicas nao parece simples a este nivel. Talvez a partir da propriedade focal? (Como vem nos livros do Sebastiao e Silva?) >(4) Ser=3DE1 que vamos assistir ao anacronico regresso da L=3DF3gica como c= ap=3DED=3D >tulo organizado? A logica nao aparece como capitulo organizado. A logica aparece integrada num capitulo onde se abordam axiomaticas e resolucao de problemas 'a la Polya e se estuda uma axiomatica concreta (probabilidades). E os conceitos logicos ja' aparecem antes no 10 e 11=BA anos (uso de "condicoes", "proposicoes", etc) Mas entao eu pergunto: como se vao fazer demonstracoes no Ensino Secundario sem um estudo mesmo que rudimentar da logica? Parto aqui obviamente do principio que uma formacao do Ensino Secundario ficara' gravemente incompleta se os alunos nao contactarem com uma demonstracao que seja mais do que um simples raciocinio correcto. Contudo note-se que nao e' um "regresso" pois a logica estava nos Novos Programas integrada no capitulo de numeros reais. >(1) Introduzem-se funcoes e inequacoes com radicais e indice n (que nao >existiam no programa anterior), e que nao parecem muito essenciais (com 4 >horas semanais nao teremos mesmo que deixar alguma materia destre tipo para >as disciplinas de Analise I?...) E' uma opcao discutivel, efectivamente. Mas nao parece ficar desenquadrado quando se estudam polinomios de grau n e potencias de grau n. Nem se propoe um estudo formalizado, apenas um primeiro contacto (nao te preocupes que fica sempre muita coisa para a Analise I...). >(2) A regra de Rufinni permanece, embora com estatuto inferior ao que tinha >no programa anterior (estava no "desenvolvimento do tema", passa para os >"objectivos") (p. 23); ora, conhecendo-se ou n=3DE3o alguma raiz, o mais >indicado para decompompor um polinonio em factores sera' usar o programa >DERIVE Mas aqui a questao nao e' da facilidade de calculo mas do importante equilibrio entre o trabalho com a tecnologia e o trabalho de papel e lapis. A regra de Ruffini de facil demonstracao e ainda mais facil uso da' aos alunos uma visao diferente daquilo que a maquina faz de forma automatica. Nao e' uma questao cientifica aqui mas sim pedagogica. Para finalizar: eu gostaria de ver muito mais discussao sobre estes temas. Infelizmente em Portugal os programas (e nao so' de Matematica e nao so' os programas) sao feitos um pouco ao sabor do acaso por cinzentoes que pouco ou nada ligam ao que as pessoas dizem e aos resultados da experiencia e da investigacao. A Equipa Tecnica esta' a tentar fazer um dialogo alargado (no pouquissimo tempo disponivel) com todas as pessoas envolvidas, professores, associacoes de professores e associcoes cientificas, para garantir que se chega a algo de util e construtivo. Infelizmente algumas pessoas continuam a alhear-se do processo e outras a criticar a 1a versao como se fosse a ultima. Devo dizer que de todas as mensagens aqui passadas farei uma copia para a Equipa Tecnica, pelo que todas as sugestoes serao importantes. =46ico a aguardar. Jaime ///////////////////////////////////////////////////////////////////// Jaime Carvalho e Silva Departamento de Matematica Universidade de Coimbra Apartado 3008 3000 Coimbra PORTUGAL Phone(office): 351-39-28097/8/9,351-39-29485,351-39-29539,351-39-29882 =46ax: 351-39-32568 E-mail:jaimecs@mat.uc.pt WWW home page: http://www.mat.uc.pt/~jaimecs/index.html
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X-Comment: Educacao em Matematica Comentarios sobre a 1=AA versao da Proposta de ajustamento dos Programas de Matematica do Secundario A. Questoes de ordem geral E natural, quando se escreve sobre 'o ajustamento' dos programas do ensino secundario, tentar perceber se sao apenas cortes, se esta ou nao prevista uma reformulacao que levante questoes de longo prazo, etc. Para mim estao claros, depois de ler as consideracoes e propostas da equipa tecnica (ET) e ainda depois de ter pensado um pouco sobre tudo isto, os seguintes pontos: 1. O que o Ministerio da Educacao (Me) queria eram cortes para resolver um problema de emergencia que nao quer chamar como tal e que portanto baptizou como 'ajustamento'... 2. Nao se conhece bem a negociacao entre a ET e o Me, mas a ET acabou por aceitar fazer estes 'cortes' e apresentar documentos laterais tendentes a complementar o 'ajustamento' com alguns documentos referentes a condicoes de funcionamento da proposta, projectos e propostas para o futuro. 3. O mais certo e o Me aceitar (talvez fazendo os seus proprios ajustamentos suplementares) o 'ajustamento' da ET e deitar para a gaveta os complementos indispensaveis - por exemplo os respeitantes a condicoes nas escolas, producao de materiais e outros. Resolve assim a sua emergencia sem se comprometer com o resto. 4. Desconhecendo se teria sido possivel negociar - mas pensando talvez que sim, dada a situacao de emergencia em que o Me estava - um acordo mais favoravel, e compreendendo os motivos (sobretudo aquele que pode ser expresso pela frase 'dissemos tanto mal - e esta tudo tao mal - que agora e incrivel recusar uma proposta para melhorar a situacao') de trabalhar numa tal situacao desfavoravel, o que e certo e que devemos perceber que se a posicao do Me for a esperada e descrita no ponto anterior, a situacao dos professores fica porventura melhor perante os programas e a sua extensao, mas os problemas de fundo sao apenas adiados. 5. Se o Me nao desprezasse totalmente os problemas da educacao e em particular o lancamento desta reforma, o que deveria ter acontecido era ter havido uma ET a acompanhar, durante os ultimos anos, a situacao no ensino secundario (e a mesma ou outras nos outros niveis, esta claro), a pensar na sua evolucao e a propor uma mudanca evolutiva dos programas, nao so em face dessa experiencia mas das discussoes que entretanto fosse havendo sobre quais devem ser as perspectivas a medio e longo prazo do ensino de matematica no secundario; assim, no proximo outubro, a proposta nao seria de cortes mas de uma modificacao evolutiva dos programas. 6. Julgo que a perspectiva de que se deve partir e de que nao e possivel nem desejavel fazer mudancas radicais supostamente validas para muitos anos, mas que deve haver uma modificacao progressiva dos programas, que acompanhe as mudancas na formacao inicial e continua dos professores, os novos objectivos que se vao colocando ao ensino secundario (na sua tendencia para se tornar geral e obrigatorio), as questoes do acesso ao ensino superior, a evolucao das perspectivas sobre a matematica e o seu ensino, a evolucao tecnologica e equipamentos das escolas, etc. etc. essas modificacoes evolutivas deveriam ser quase continuas, mas como quem manda em grande parte na reforma sao os editores livreiros, devemos ter que nos sujeitar a modificacoes perodicas de tres em tres anos. e possivel que tenhamos que fazer uma modificacao um pouco maior daqui a tres anos ou quatro, mas a partir daqui temos que ir evoluindo lentamente. Tambem me parece que o que ha a fazer agora, para o ano, e realmente um ajustamento sem qualquer aumento de temas e com grandes reducoes de 'materia'. Mas sem qualquer concessao relativamente e necessidade de evoluir nos metodos de ensino. a partir desta especie de estaca zero, em que nao devia haver qualquer receio de cortar demais, poderiamos lentamente ir evoluindo, comecando ja a pensar para daqui a tres ou quatro anos. 7. A exigencia fundamental e permanente, perante o Me, dos professores e das suas associacoes profissionais e cientificas, e tambem da actual ET, deveria ser que o processo de reforma progressiva e todas as questoes fundamentais para essa reforma (acesso ao ensino superior, objectivos do ensino secund=E6ario, horas lectivas, etc.) comecem a ser pensadas e discutidas desde ja, com o objectivo de iniciar este processo evolutivo daqui a tres ou quatro anos. Mas para isso e fundamental que saibamos o que queremos e apresentemos ao menos sobre alguns pontos fundamentais ideias comuns face ao Me. e confrangedor ouvir algumas declaracoes que foram feitas por professores encarregados da formacao cientifica dos futuros professores de matematica na 'Matem=E6atica em exame'. Mostraram uma posicao completamente retrograda e 'apedagogica' em relacao a educacao matematica, que se poderia pensar ja nao poder existir: o tempo dado a historia da matematica e despropositado, o que interessa mais sao as tecnicas de calculo, posicoes defensivas em relacao a utilizacao das calculadoras, etc. etc. Que formacao inicial cientifica e possivel esperar tendo em conta estas afirmacoes? Propuz na ultima reuniao do conselho Nacional da APM que se organizassem seminarios para reflexao sobre as questoes fundamentais para o futuro do ensino da Matematica (tipo Milfontes); era bom que a SPM tambem reflectisse sobre esses pontos e que alguns documentos fossem publicados e postos a discussao (salvas as devidas proporcoes, como foi feito na america com as Normas); e urgente uma discussao alargada sobre aquelas questoes, sob pena de estarmos sempre a resolver no imediato situacoes de emergencia. B. Questoes gerais sobre a 1=AA versao do ajustamento. 1. Julgo que toda a gente compreende que se esta perante uma tentativa seria (da parte da ET) de melhorar a situacao. e que existe vontade real de ouvir outras opinioes e de reflectir sobre elas. e que o resultado final vai ser quase de certeza uma melhoria em relacao ao que existe no momento. Portanto neste aspecto a situacao nao tem comparacao com a anterior. Mas noutros aspectos, infelizmente, tambem nao. A actual ET tem um tempo limitado (alguns meses em vez de alguns anos) para trabalhar, ainda por cima sem ser em exclusividade. Esta claro que em principio e so para ajustar e nao mudar nada de essencial, mas quem seria capaz de fazer isso perante estes programas...!! Portanto a ET esta a cortar, como lhe era pedido, mas tambem, como era de esperar, a introduzir outras modificacoes que nao tem a ver apenas com a extensao dos programas, mas com as suas ideias implicitas sobre o que deve ser o ensino secundario a medio e longo prazo. e preciso muito cuidado neste aspecto, pois sera grande a confusao nas escolas se, alem dos cortes, aparecem metidas pela porta do cavalo uma serie de pequenas alteracoes que no seu conjunto alteram demasiado a fisionomia de um programa a que os professores comecaram apenas agora a habituar-se. 2. A bijeccao temas-periodos escolares e uma mudanca importante e nao deve ser aceite de animo leve, como se fosse um pormenor e apenas facilitasse e organizasse a gestao do programa. a ET devia reflectir melhor sobre as suas consequencias. Se no 10=BA ano isso parece ser uma solucao natural - o capitulo dos reais era realmente de cortar por inteiro e era um disparate dividir a geometria em dois grupos - o prolongamento estrito do mesmo esquema nos dois anos seguintes, sobretudo no 12=BA, constitui um espartilho que obriga, em meu entender a solucoes erradas: por exemplo, o desaparecimento por inteiro da geometria do 12=BA ano e o aparecimento de um capitulo um pouco abstruso - formalizacao e topicos de matematica finita. Julgo portanto que e inconveniente e forcada a solucao proposta. alem de que julgo que a maioria dos professores tem maturidade para escolher o seu proprio roteiro de temas, e a solucao proposta e inflexivel de mais. 3. Nao compreendo a ideia de reunir a logica e a combinatoria num periodo do 12=BA ano. e ainda menos o que e que os professores vao fazer para ensina= r 'os metodos de resolucao de problemas segundo Polya'. Sera que os alunos, depois de dois anos a raciocinar, a argumentar, a provar (a sua maneira, esta claro) as suas descobertas, vao agora - certamente a seco, pois nao havera tempo para mais exploracoes e investigacoes - ver como raciocinaram, como argumentaram, como provaram? e, depois de dois anos, espera-se, a resolver problemas todos os dias, vao finalmente aprender, agora sim, quais sao os metodos para resolver problemas? o pior que se pode fazer ao Polya e precisamente apresenta-lo, como na traducao brasileira, como receitas para resolver problemas, mesmo que sejam entremeadas por exemplos. Parece-me que tudo isso, a logica que usamos habitualmente, os metodos, etc., ao nivel do ensino nao superior, deve ser tratado a proposito e desde o principio, a par e passo com as actividades e os problemas, e nao acumulado na parte final. e portanto mais uma questao de orientacoes metodologicas dso que de conteudos e objectivos especificos, se queremos falar em termos de colunas. a falar na logica por si propria, talvez o ideal fosse dizer aos alunos, a proposito talvez do euclides, que ele e nos usamos a logica do aristoteles, mas que existem outras, em que nao funciona o principio do terceiro excluido. isso sim poderia ter algum significado cultural - pode ser que ate se possa fazer um trabalho qualquer com o professor de Filosofia, neste aspecto, ler, interpretar e discutir um texto qualquer de filosofia matematica nas aulas de filosofia e de matematica, por exemplo. C. Geometria no secundario O problema da geometria no secundario nao e facil, e este tema esta muito mal tratado nos programas em vigor. Por isso, meros 'ajustamentos' nunca nos hao-de satisfazer. Mas, mesmo assim, e possivel pensar em mais do que um tipo de 'ajustamento'. Nao me parece que a solucao proposta pela ET seja a melhor, e nem sequer julgo que seja aceitavel. Vejamos porque, e como poderiamos encontrar em minha opiniao uma solucao mais apropriada - embora ainda um mero ajustamento - para este periodo transitorio ate ao ano 2000... 1. Uma das poucas ideias interessantes relativas a geometria que os actuais programas do secundario adoptaram foi a de nao separar a geometria do plano da geometria no espaco. a proposta da ET ressuscita a velha ideia de dar num ano geometria plana e no ano seguinte geometria no espaco. isso seria realmente voltar atras e um grande erro, em minha opiniao. eu sei que ha muitos professores que resistem a geometria no espaco, e que assim teriam um ano de geometria no plano para se habituarem a ideia de que tinham que ensinar geometria. Mas sera isso uma razao para contrariar tudo o que tem sido estudado e investigado sobre o ensino da geometria, e que condena claramente a velha sequencia plano ---> espaco? certamente que nos devemos preocupar com os professores, mas com todos!! Nao sera de pensar tambem nos outros professores, aqueles que se prepararam para ensinar geometria, que compreenderam as vantagens de nao separar o plano e o espaco, que ja este ano deram o programa do 10=BA e que, daqui a um ano, se veriam confrontados com um passo atras, com a instituicao de novo da sequencia tradicional plano - espaco. Que professores devemos ter mais em conta... aqueles que por sua vontade nao progrediriam, cortavam tudo o que nao sabem neste momento ou que nao gostam... ou aqueles que fizeram e estao a fazer um esforco para mudarem os seus metodos, que estao dispostos a continuar a aprender... e que nao sao tao poucos como isso? Alem disso, claramente, a separacao plano-espaco nao e um 'ajustamento' para diminuir a quantidade de materia. Trata-se de uma mudanca de filosofia que resultara finalmente num aumento do tempo necessario para geometria, se for deixado assim.. Havera necessariamente mais duplicacoes e repeticoes inuteis se for adoptada esta separacao. 2. Embora a proposta da ET relativa a geometria contenha muitas observacoes interessantes e recomendacoes correctas sobre o estudo da geometria, temo que novamente os professores encarem este programa como exclusivamente tratando a geometria de um ponto de vista analitico, agora dividido em geometria analitica plana e em geometria analitica no espaco. Tanto mais que na lista dos cortes vem que foram cortados 'os axiomas e a geometria sintetica' e por ai da a entender que apenas sobrou a geometria analitica. 3. Depois de ler varias vezes as tres colunas da Geometria dos 10=BA e do 11= =BA anos, confesso que nao consigo ficar com uma ideia clara da estrutura do programa de geometria. Julgo que a razao e haver uma profusao exagerada de objectivos e de indicacoes metodologicas que se tornam repetitivos. Acho que muitos ou mesmo todos esses objectivos e essas indicacoes metodologicas sao justos, e constituem uma grande melhoria em relacao ao que esta, mas nao seria possivel ser mais conciso e mais claro? Tomemos como exemplo o 10=BA ano e o primeiro desenvolvimento do tema 'Resolucao de problemas utilizando multiplas perspectivas' e tres dos objectivos apontados: * 'representar situacoes problematicas com modelos geometricos e aplicar propriedades de figuras geometricas a sua resolucao' * 'conhecer propriedades essenciais das figuras geometricas e saber usa-las em configuracoes simples' * 'utilizar transformacoes geometricas para o estudo de propriedades de uma figura' Entretanto, na coluna das indicacoes metodologicas, e tambem dito 'recordar e aprofundar conhecimentos ja adquiridos nomeadamente no que respeita as transformacoes geometricas ja estudadas com vista a recordar e aplicar propriedades das figuras geometricas'. Confesso que isto tudo me parece a mesma coisa ou muito parecido e nao muito operacional. Mas o que acontece e que, a certa altura, depois destas frases mais ou menos vagas, aparece a geometria analitica, e ai estamos no concreto: * o metodo cartesiano... * referenciais cartesianos * conjuntos de pontos e condicoes * distancia entre dois pontos, circunferencia, circulo e mediatriz *vector livre do plano. * etc. etc. etc. Um professor normal, ao mesmo tempo que nao percebe bem o que se pretende na primeira parte, quando chega a geometria analitica nao tem duvidas, esta em terreno firme. O resultado sera certamente fazer a despachar algumas coisas da primeira parte, ou mesmo nenhumas, pois acha que esta a perder tempo, e passar para as equacoes da circunferencia e tudo o resto. 4. Percebo o esforco que houve para introduzir aspectos modernos do ensino da geometria, como as multiplas perspectivas na resolucao de problemas ou a visualizacao e a representacao, mas receio que a ideia da separacao da geometria em plano e espaco, e a falta de clareza quanto aos conteudos da parte nao analitica da geometria deitem tudo a perder. 5. Julgo que e possivel propor um ajustamento ao programa de geometria do secundario em que nao haja separacao entre geometria no plano e geometria no espaco e em que as perspectiva sintetica e algebrica da geometria sejam abordadas de modo equitativo. Tentarei desenvolver a minha ideia nos proximos pontos. Mas apenas em termos muito gerais. Seria preciso dar exemplos concretos de actividades e explicar com detalhe muitos outros pontos, e eu nao tenho tempo para isso (nao fui eu que me comprometi a ter isto pronto em Outubro...) 6. No 10=BA ano o estudo da geometria deveria consistir fundamentalmente na apresentacao de alguns 'actores' e de alguns 'objectos', proprios da geometria, que vao intervir ao longo deste ano. Os 'actores' sao a geometria sintetica, as transformacoes geometricas, as coordenadas e os vectores. Os 'objectos' sao os poliedros - em particular os platonicos - e a esfera, e os poligonos - em particular os poligonos regulares - e a circunferencia. Conviria tambem, como elemento de perturbacao e portanto de esclarecimento, aparecer um solido que nao fosse um poliedro, e um bom eh a stella octangula. 7. O trabalho em geometria consistiria numa sequencia de actividades (de construcao de modelos, de exploracao e investigacao de situacoes e de resolucao de problemas), de discussoes com toda a turma e de pequenas exposicoes de sintese feitas pelo professor. 8. O modo de introducao dos 'actores' nao deve consistir em apresentar completamente um deles e apenas depois entrar o outro (como na proposta da ET, em que primeiro aparece a geometria sintetica e as transformacoes geometricas, depois se introduzem as coordenadas e se vai por ai fora ate a mediatriz e apenas em seguida se passa aos vectores). Os 'actores' devem ser introduzidos de forma integrada e logo nos primeiros dias, embora inicialmente da forma mais elementar e intuitiva, de modo que os alunos vao construindo progressivamente esses conceitos e contactando com as suas propriedades atraves da sua utilizacao em actividades proprias. Exceptuando as transformacoes geometricas (em que o caso tridimensional pode ser ou nao introduzido ja no 10=BA), os outros 'actores' sao introduzidos no plano e no espaco ao mesmo tempo ou com um muito pequeno intervalo de tempo. 9. Comparativamente ao actual programa, no 10=BA ano poderia chegar-se a distancia de dois pontos (plano e espaco), a norma de um vector (plano e espaco) e a definicao de regioes do plano e do espaco por equacoes e inequacoes. Os alunos devem ficar a compreender que as coordenadas permitem definir regioes do espaco atraves de condicoes (na forma de equacoes ou de inequacoes) mas em meu entender nao ira haver tempo para entrar alem disso nas varias equacoes de rectas, de planos, da circunferencia, etc. ou seja, trata-se sobretudo de ficar a conhecer atraves de experiencias multiplas os tais 'actores' perceber das suas possibilidades e como funcionam, e como uns sao uteis numas situacoes e outros noutras. 10. No 11=BA ano, trata-se de prolongar este tipo de trabalho com novas exploracoes e actividades, com os mesmos 'actores' (introduzindo agora as transformacoes no espaco), e ampliando os 'objectos'. 11. Talvez o melhor seja deixar ao professor, dando sugestoes, a escolha dos 'objectos' a acrescentar - poderiam ser novas familias de poliedros (arquimedianos, ou deltaedros, ou...) ou corpos redondos - cone, cilindro; ou ainda pavimentacoes, ou frisos. Aqui os autores de manuais escolares tambem podem exercer a sua imaginacao. 12. Quanto a novos tipos de actividades, tambem ha muitas direccoes em que caminhar, e poderiam sugerir-se ao professor, como opcao, actividades ligadas com pavimentacoes (plano e espaco) ou actividades ligadas com transformacoes de simetria, ou com disseccoes, etc. etc. Desde o 10=BA ano que as capacidades de representacao (pelo menos a perspectiva cavaleira) deveriam ser sistematicamente desenvolvidas. 13. Quanto a analitica e aos vectores, que continuariam a ser tratados de forma integrada e nao uns a seguir aos outros, poderia ir-se agora ate a equacao da circunferencia e da superficie esferica, do plano, da recta (plano e espaco). Mas em minha opiniao o produto escalar e tudo o que isso composta deve ser eliminado como tema obrigatorio, pois nao ha tempo para isso. 14. Note-se que dizer que nao e tema obrigatorio nao implica que o produto escalar nao possa aparecer integrado numa actividade, em que se apresenta a definicao e depois se exploram algumas implicacoes dela. Se um professor vir que tem tempo e que isso interessa os seus alunos de uma determinada turma, e evidente que pode fazer prolongamentos, seja em relacao ao produto escalar seja a outros topicos. 15. Quanto ao 12=BA ano, parece-me que tem que ter algum tempo dedicado a geometria (mesmo que seja necessario reduzir um pouco as horas de geometria no 11=BA ano). E completamente inadmissivel, do ponto de vista cultural, que os alunos tenham feito 12 anos de matematica e fiquem no fim do sec. XViii. A minha proposta, portanto, e que algum tempo no 12=BA ano seja dedicado aos seguintes topicos: o significado e a importancia historica e filosofica da tentativa de Euclides de escrever toda a geometria de forma axiomatica, e o aparecimento das geometrias nao euclidianas e as suas consequencias filosoficas. Estes topicos seriam introduzidos sobretudo na sua vertente historica, e acompanhados apenas de algumas actividades (geometria esferica e geometria do motorista de taxi, por exemplo). Estou a partir do principio que os alunos ensaiaram algumas demonstracoes, nos dois anos de geometria anteriores, do seguinte tipo: se admito isto, entao aquilo e verdade. Habituaram-se assim a uma certa organizacao local da matematica. compreenderao entao sem dificuldade a tentativa de Euclides de passar a organizacao global. 15. Nota importante: e preciso perceber-se que nada do que se ensina em Geometria (e no resto tambem,. esta claro), no meu ponto de vista, eh dado com a intencao primordial de que os alunos fiquem, para o resto da vida, a saber de cor como e a equacao da circunferencia, qual e a formula da distancia de um ponto a um plano, etc. etc. Uns ficarao, outros nao. Mas todos experimentarao, explorarao, investigarao, adquirirao habitos de pensamento, aprenderao a argumentar, compreenderao melhor como sao os processos matematicos de atacar problemas, terao maior confianca nas suas capacidades de aprender, de criar, de descobrir. e farao isso durante tanto tempo quanto possivel - se experimentarem durante mais tempo, melhor, se houver menos tempo, pior. Mas a ansiedade de 'cumprir o programa' diminuira. com esta perspectiva. Muitos alunos, a maior parte, se forem para a universidade, terao esquecido muitos dos conteudos, mas talvez nao o gosto e o habito de pensar. Talvez alguns professores da Universidade continuem a dizer que entram la mal preparados. Penso que nao, e quanto ao produto escalar e a distancia de um ponto a um plano, la estao os professores da universidade para os ensinar se for preciso, que eh para isso que se lhes paga... No que diz respeito aos exames, enquanto nao lhe conseguirmos acabar com a raca, devem adapar-se a esta perspectiva (e nao o contrario, como e costume). Portanto, devem os exames nos enunciados conter todas as informacoes necessarias, reduzindo os pressupostos a um minimo razoavel, e permitindo consultas, esta claro, e a utilizacao de calculadoras de todos os tipos. O que o examinador deve andar a procura deve ser a capacidade de atacar problemas, de planear uma investigacao, de persistencia na procura de um caminho. Nao de pericia na aplicacao de tecnicas rebuscadas. Eduardo Veloso 30.5.95 Eduardo Veloso Av. D. Rodrigo da Cunha, 11 3=BA D 1700 Lisbon Portugal tel. & Fax.: (351) (1) 8483046 e-mail: veloso@telepac.pt
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X-Comment: Educacao em Matematica Alguns comentarios: >>(1) O uso do computador nao deveria receber mais enfase? As escolas que na= o >>tem esta tecnologia (ou que nao a tem disponivel para a disciplina de >>Matematica) devem no mais curto espaco de tempo passar a ter! A unica form= a >> disso acontecer e' a sua enfase inequivoca nos programas.(J.P.Ponte) > >E' irrealista pensar que o Ministerio vai colocar "software" e computadores >nas Escolas em tempo util. De qualquer modo a maioria dos objectivos >pedagogicos e cientificos que tornam o uso de tecnologia recomendavel estao >incluidos nas calculadoras graficas, ou nao sera'? (J.C.Silva) > Julgo que nao devemos esperar ate que haja computadores em todas as escolas para comecar a dar maior enfase aos computadores. Em muitas escolas ja existem equipamentos que permitem fazer muita coisa com computadores, simplesmente estao reservados para as disciplinas tecnologicas e os professores de matematica teem dificuldades de acesso. Se ao mesmo tempo os programas dao pouca enfase as computadores, que argumentacao teem os professores de matematica para exigir condicoes de acesso a essas salas fechadas a sete chaves onde estao os computadores. Estamos a perder muito tempo e nao podemos deixar para o ano 2001 comecar a fazer propostas concretas de utilizacao dos computadores em certas partes do programa. O Cabri 2.0 eh um programa muito bom para fazer investigassoes em geometria (e nesta versao nas ligacoes entre a geom. sintetica e analitica e de transformacoes). E nao vai ser substituivel pela nova calculadora da Texas,( que vai custar 40 contos, para onde pode olhar um aluno e meio em vez de tres ou quatro como num computador que custa cento e tal e pode fazer muito mais coisas). mesmo que tenha o Cabri e se possam la fazer triangulos com meio centimetro de lado. E ha outros programas, como o Geometry Inventor, que permitem a ligacao entre a geometria e a analise de uma maneira muito atractiva. Nao ha calculadora que chege para isso. > >>(3) Entre o tema das conicas e o tema dos numeros complexos, a manutencao >>do primeiro parece ser mais aconselhavel. O estudo dos complexos facilment= e >>degenera em simples calculo e as conicas podem ter um importante valor >>formativo, ligando algebra e geometria.(J.P.Ponte) > >Entre os dois "mon coeur balance". Se calhar o melhor e' ficarem os dois >sacrificando algum outro aspecto (qual?). Mas a experiencia diz que o >estudo das conicas e' que degenera mais facilmente em simples calculo. >Equacoes de todos os tipos, formulas para vertices, focos, excentricidade, >etc. Muito calculo existe tambem nos numeros complexos mas desde a >interpretacao geometrica 'a passagem para a forma trigonometrica (em que se >recorre 'a trigonometria) 'a descricao de dominios planos usando numeros >complexos acho que existe uma matematica muito rica. Sem contar com a >introducao historica dos numeros complexos em que os alunos poderao ver uma >ciencia em construcao, e com a possibilidade de se fazerem demonstracoes de >geometria usando numeros complexos (ultima seccao introduzida na proposta >de ajustamento). >Uma possivel abordagem das conicas via seccoes conicas nao parece simples a >este nivel. Talvez a partir da propriedade focal? (Como vem nos livros do >Sebastiao e Silva?) (J. C. Silva) Eu tambem tenho imensa pena das conicas mas nem pensar em deixar os complexos e as conicas. Como eh absurdo dar apenas quatro horas para a matematica, entao eh natural que o programa fique absurdo, por exemplo sem conicas. Ah espera que o problema das horas seja resolvido e possam entrar outra vez. O pior que podemos fazer eh compor um programa que nao pareca absurdo, com um pouco de tudo. Eu acho que e regra agora eh cortar a direito e deixar um programa de tal modo curto que possa ser dado em quatro horas de uma maneira decente, ou seja seguindo as opcoes metodologicas que veem na terceira coluna e que me parecem bastante aceitaveis como estao. Os professores ficam pouco ansiosos com o tempo, experimentam novos metodos, e depois ah medida que se forem habituando e que o tempo for aumentando, poder-se-ah ir incluindo novos ou recuperando antigos temas. >A logica nao aparece como capitulo organizado. A logica aparece integrada >num capitulo onde se abordam axiomaticas e resolucao de problemas 'a la >Polya e se estuda uma axiomatica concreta (probabilidades). E os conceitos >logicos ja' aparecem antes no 10 e 11=3DBA anos (uso de "condicoes", >"proposicoes", etc) (J. P. Ponte) > >Mas entao eu pergunto: como se vao fazer demonstracoes no Ensino Secundario >sem um estudo mesmo que rudimentar da logica? Parto aqui obviamente do >principio que uma formacao do Ensino Secundario ficara' gravemente >incompleta se os alunos nao contactarem com uma demonstracao que seja mais >do que um simples raciocinio correcto. >Contudo note-se que nao e' um "regresso" pois a logica estava nos Novos >Programas integrada no capitulo de numeros reais. (J. C. Silva) Eu acho que deve haver demonstracoes ao longo do decimo e do decimo primeiro, e nao apenas no decimo segundo. Mas ao mesmo tempo penso que acumular a logica toda no decimo segundo eh um erro. Demonstracoes simples podem fazer-se logo na geometria do decimo, por exemplo. Ao fazer uma investigacao sobre cortes feitos por um plano num cubo, um aluno conjectura que nunca pode obtar pentagonos regulares como corte. Pede-se-lhe que demonstre, e se for preciso da-se-lhe a sugestao que utilize o facto de que num pentagono regular nao existem lados paralelos. Ele, passado um pouco, aparece com as seguintes frases: - para um plano cortar um cubo segundo um pentagono, tem que cortar 5 faces; - em 5 faces de um cubo, ha sempre quatro paralelas duas a duas - se um plano corta dois planos paralelos, obteem-se rectas paralelas - entao o pentagono que se obtem no corte tem quatro lados paralelos dois a = dois - logo nao pode ser regular Pois bem, isto e uma demonstracao, acho eu. Qual a logica que e necessaria para chegar a esta demonstracao? A que ele aprendeu com a mae, quando era pequenino e ela lhe dizia frases como a seguinte: ou te portas bem ou nao vais ao cinema! Mas esta claro que eu acho que depois de um aluno ter feito, mesmo com alguma ajuda, esta demonstracao, deve haver uma reflexao sobre a construcao em sequencia daqueles frases e ai eh que pode comecar a falar-se um pouco de logica. mas a proposito e de modo nenhum por atacado no decimo segundo ano. Continuarei noutro dia, se Deus quiser... Eduardo Veloso Eduardo Veloso Av. D. Rodrigo da Cunha, 11 3=BA D 1700 Lisbon Portugal tel. & Fax.: (351) (1) 8483046 e-mail: veloso@telepac.pt
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X-Comment: Educacao em Matematica Mais comentarios: >Julgo que nao devemos esperar ate que haja computadores em todas as escolas >para comecar a dar maior enfase aos computadores. Obviamente. Mas e' ou nao dada maior enfase na 1. versao do Ajustamento? A enfase vai ou nao na direccao correcta? Essa enfase e' ou nao suficiente para se explorarem de diversos modos o computador na aula de Matematica? Aquilo que o Joao Ponte referiu era se a enfase nao devia ser ainda maior. Devera'? Sera' mesmo realista ou nao estaremos a por o carro 'a frente dos bois? A recomendacao relativa aos Laboratorios de Matematica inclui os computadores. Nao ha' por isso razao para as Escolas nao reinvidicarem esse material caso nao haja na Escola, ou reinvidicarem o uso dos computadores caso eles ja' existam na Escola. E uma das recomendacoes do Ajustamento e' relativa ao uso do Cabri-Geometre. E' realmente um programa espectacular de potencialidades ainda muito pouco exploradas. Agora pergunto: deve dizer-se que *tem* de se usar o Cabri-Geometre? A recomendacao actualmente proposta e' suficiente? Deve ser apresentada de outro modo? >triangulos com meio centimetro de lado. E ha outros programas, como o >Geometry Inventor, que permitem a ligacao entre a geometria e a analise de >uma maneira muito atractiva. Nao ha calculadora que chege para isso. Mas ninguem disse que as calculadoras substituem os computadores. Eu disse que "a maioria dos objectivos pedagogicos e cientificos que tornam o uso de tecnologia recomendavel estao incluidos nas calculadoras graficas, ou nao sera'?" >Eu tambem tenho imensa pena das conicas mas nem pensar em deixar os >complexos e as conicas. Como eh absurdo dar apenas quatro horas para a >matematica, entao eh natural que o programa fique absurdo, por exemplo sem >conicas. Ah espera que o problema das horas seja resolvido e possam entrar >outra vez. Nao, eu espero que as pessoas e instituicoes finalmente acordem e tomem accoes mais consequentes que levem o Ministerio a (re)ver a realidade. Isso nao foi conseguido ate' hoje. E ja' passaram 6 anos! Parece que as pessoas se resignam a dizer que se da' quando na realidade nao se da' ou se refere apenas "en passant" e que baixam os bracos quando a Prova de Afericao e Prova Especifica revelam medias nacionais 'a roda de 20% !. >O pior que podemos fazer eh compor um programa que nao pareca >absurdo, com um pouco de tudo. Concordo toalmente. Com uma nuance: um programa com um pouco (muito pouco) de tudo continua a ser absurdo. >Eu acho que e regra agora eh cortar a >direito e deixar um programa de tal modo curto que possa ser dado em quatro >horas de uma maneira decente, ou seja seguindo as opcoes metodologicas que >veem na terceira coluna e que me parecem bastante aceitaveis como estao. Os >professores ficam pouco ansiosos com o tempo, experimentam novos metodos, e >depois ah medida que se forem habituando e que o tempo for aumentando, >poder-se-ah ir incluindo novos ou recuperando antigos temas. Ou seja: e' realista, e' possivel, nao e' optimismo exagerado, ir caminhando para uma melhoria. >Eu acho que deve haver demonstracoes ao longo do decimo e do decimo >primeiro, e nao apenas no decimo segundo. Mas ao mesmo tempo penso que >acumular a logica toda no decimo segundo eh um erro. Demonstracoes simples Raciocinios e' uma coisa. Demonstracoes formais "'a Euclides" e' outra. Desde a Escola primaria que os alunos devem fazer raciocinios. Mas demonstracoes formais devem fazer quando? Alem do mais no Ajustamento esta' indicado (por duas vezes no 10 e 11 anos) que as diversas nocoes logicas podem ser introduzidas gradualmente. >sobre a construcao em sequencia daqueles frases e ai eh que pode comecar a >falar-se um pouco de logica. mas a proposito e de modo nenhum por atacado >no decimo segundo ano. Mas a ideia (eventualmente utopica) nao e' para ser por atacado pois e' integrado num tema onde a vao usar na teria de conjuntos e nas probabilidades, temperado com a referencia a metodos de demonstracao e a metodos de resolucao de problemas "'a la Polya"(nao tem de ser "o" livro do Polya!). Como existe um unico tema, e' deixado aos professores muito espaco para criatividade e interligacao dos diversos temas. Teremos de ser mais explicitos dizendo que as coisas estao no mesmo tema mas nao sao necessariamente para serem tratadas em sequencia desconexa? Sera' mesmo necessario? >Continuarei noutro dia, se Deus quiser... Fico 'a espera da continuacao (Deus quer de certeza!). Jaime ///////////////////////////////////////////////////////////////////// Jaime Carvalho e Silva Departamento de Matematica Universidade de Coimbra Apartado 3008 3000 Coimbra PORTUGAL Phone(office): 351-39-28097/8/9,351-39-29485,351-39-29539,351-39-29882 Fax: 351-39-32568 E-mail:jaimecs@mat.uc.pt WWW home page: http://www.mat.uc.pt/~jaimecs/index.html - *Vale mais a queda do que a seguranc,a de estar parado* - "O Mocho" -
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X-Comment: Educacao em Matematica Aqui v=E3o mais alguns coment=E1rios sobre a proposta de ajustamento dos pro= gramas. 1) Computadores e calculadoras "E' irrealista pensar que o Ministerio vai colocar "software" e computadores nas Escolas em tempo util. De qualquer modo a maioria dos objectivos pedagogicos e cientificos que tornam o uso de tecnologia recomendavel estao incluidos nas calculadoras graficas, ou nao sera'?" Estamos a n=E3o a discutir o programa de Matem=E1tica que vai vigorar at=E9 = ao final da d=E9cada? Se estamos, n=E3o vejo como podemos dispensar de introduz= ir finalmente os computadores na sala de aula: na geometria (programas como o Cabri que podem ser importantes para a "resolu=E7=E3o de problemas segundo m=FAltiplas perspectivas") e no c=E1lculo alg=E9brico e na inicia=E7=E3o =E0= an=E1lise, onde Derive que =E9 um importante auxiliar. As calculadoras s=E3o um intrumento precioso, mas, com as capacidades que t= =EAm neste momento, adaptam-se sobretudo ao estudo de fun=E7=F5es e da estat=EDst= ica. Ora, a tecnologia deve ter tamb=E9m um papel importante na aprendizagem das restantes mat=E9rias deste n=EDvel de ensino. Uma transforma=E7=E3o que penso que ter=E1 de ocorrer nas escolas =E9 a de= dotar os grupos de Matem=E1tica com computadores pr=F3prios, um ou dois data-shows, e= o software essencial (meia d=FAzia de programas ser=E1 suficiente para come=E7= ar). A este respeito, penso que =E9 uma m=E1 aposta pensar que a disciplina de Matem=E1tica vai viver dos computadores da sala de inform=E1tica da escola. = Tal como as outras disciplinas cient=EDficas (F=EDsica, Qu=EDmica, Biologia), qu= e precisam de ter os seus computadores no laborat=F3rio, a matem=E1tica precis= a de ter em cada escola o seu espa=E7o pr=F3prio com os seus computadores e o = seu software. =C9 =E0 volta desse equipamento e desse espa=E7o que se vai desenvolver (em conversas e experimenta=E7=F5es informais) grande parte a compet=EAncia profissional em lidar com estes instrumentos. =C9 a=ED que muitas ideias v= =E3o germinar. =C9 essencial que os professores de Matem=E1tica percebam que n=E3= o d=E1 para adiar mais. Chegou a hora de tratar o computador por tu. N=E3o me preocupa que algumas escolas comecem com dificuldades, com pouco material e muitas queixas de que n=E3o t=EAm forma=E7=E3o. Neste ponto penso que poderemos ter at=E9 algum optimismo. Conhecendo a din=E2mica anteriormente gerada nas escolas com o computador e a sensibilidade que certos sectores do Minist=E9rio continuam (apesar de tudo!= ) a ter nesta mat=E9ria, parece-me que dotar todas as escolas secund=E1rias= com o equipamento e software necess=E1rios em Setembro de 1997, ou, o mais tardar em Setembro de 1998, n=E3o =E9 de todo irrealista. 2) Conceito de correla=E7=E3o etc. "A questao principal e': sera' possivel ensinar a correlacao de uma forma eficaz ao nivel do 10=BA ano de forma a que os alunos fiquem com a nocao minimamente dominada. Eu gostaria de ver uma abordagem satisfatoria e ainda nao vi nenhuma." O que se fez em muitas escolas com os conceitos de covari=E2ncia e correlacao foi uma barbaridade. Pegou-se na f=F3rmula e toca a fazer contas e mais contas... =E0 m=E3o. Nos casos mesnos piores usou-se a calculadora para adicionar as parecelas. =C0 falta de outras ideias, fez-se a abordagem em termos de c=E1lculo puro. Claro que esta experi=EAncia =E9 muito negativa. Mas n=E3o vejo que nao possa ser facilmente alterada, se houver o desenvolvimento de materiais desej=E1vel e a correspondente forma=E7=E3o de professores. N=E3o =E9 neste mesmo= pressuposto que se avan=E7a com a proposta do estudo de fam=EDlias de fun=E7=F5es? Penso que tanto o conceito de correla=E7=E3o como o de regress=E3o podem ser introduzidos como instrumento de interpreta=E7=E3o de rela=E7=F5es entre var= i=E1veis, procurando-se ver como diferentes conjuntos de dados conduzem a valores muito diferentes destes par=E2metros. A an=E1lise das f=F3rmulas pode num segundo momento esclarecer o porqu=EA de certas varia=E7=F5es. Trata-se de abandonar o m=E9todo <primeiro: o c=E1lculo; segundo: aplica=E7=E3o> para instituir em seu lugar a abordagem que come=E7a pela aplica=E7=E3o e conduz =E0 an=E1lise e =E0 investiga=E7=E3o, reduzindo o c=E1lculo ao q.b. A calculadora gr=E1fica (ou o uso do computador) pode representar neste t=F3pico uma aut=EAntica revolu=E7=E3o. Os alunos t=EAm andado a fazer histogramas e gr=E1ficos de barras j=E1 desde o prim=E1rio. J=E1 ouviram falar n=E3o sei quantas vezes em m=E9dia, mediana e moda. Nalguns casos (dependendo dos livros adoptados) trabalharam mesmo com vari=E1veis cont=EDnuas e com dados agrupados. O que lhes reserva de novo o 10=BA ano? Introduzem-se os diagramas de extremos e quartis e as medidas de dispers=E3o (amplitude, vari=E2ncia e desvio-padr=E3o). Nas aulas previstas no programa ajustado podia-se fazer muito mais. Na verdade, parece-me lament=E1vel que em termos de estat=EDstica o programa do secund=E1rio pouco avance em rela=E7=E3o ao do 3=BA ciclo. O unico resultado sera' o de desmotivar por completo os alunos em rela=E7=E3o a este tema. 3) E por hoje =E9 tudo. Os coment=E1rios =E0s outras quest=F5es= (nomeadamente a analise e a geometria) ficam para outra altura. Joao Pedro
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