Foram divulgados na passada terca-feira os resultados do estudo internacional TIMSS. Os jornais tem feito referencia ao assunto (Expresso de 23/11, Publico de 27/11, etc.). Dum modo geral, o tom dominate e: "Os alunos portugeses nao sabem nada de Matematica". Aqui fica uma interpretacao alternativa: 1. As classifcacoes dos alunos portugueses em Matematica no TIMSS estao dentro do que seria de esperar. Situam Portugal no pelotao dos paises intermedios, entre os paises desenvolvidos e os paises em desenvolvimento, exceptuados os casos particulares dos paises asiaticos e de leste (com fortissimas tradicoes de investimento social na escola). Os resultados dos nossos alunos estao na linha de avaliacoes anteriores, sem constituir supresa. E descabido fazer deles um exercicio de auto-masoquismo nacional. 2. Segundo o TIMSS, os resultados dos nossos alunos sao relativamente aceitaveis no calculo, fracos na resolucao de problemas e muito fracos no raciocinio e argumentacao, mostrando serem estes os piores do desempenho do nosso sistema educativo. 3. Estes resultados nao constituem uma avaliacao dos novos programas aprovados em 1991 (nem da reforma no seu todo), uma vez que sao obtidos de alunos em fase de transicao. E preciso esperar quatro ou cinco anos (e por vezes mais) para ter um novo programa em plena fase de aplicacao. 4. Os resultados obtidos pelos alunos traduzem: -uma longevidade anormalmente longa de programas baseados na Matematica moderna (1971-1991). -um processo inadequado de introducao dos novos programas (em 1991), sem formacao aos professores que os sensibilizasse para os novos objectivos e metodologias. -a falta de atencao das nossas praticas educativas as competencias como resolucao de problemas, raciocinio e argumentacao matematica. -a falta de um continuado investimento na educacao matematica (em especial no que se refere a desenvolvimento curricular, formacao de professores e dotacao das escolas de materiais e tecnologias adequadas). Joao Pedro da Ponte, Univ. de Lisboa Jose Manuel Matos, Univ. Nova de Lisboa Paulo Abrantes, Univ. de Lisboa 28 Nov 1996
VOLTAR AO PRINCíPIO DO "Ensino da Matemática"