CONCEITO DE LIMITES E
DERIVADAS
Foi enquanto se dedicava ao
estudo de algumas destas funções que Fermat deu conta das limitações do
conceito clássico de reta tangente a uma curva como sendo aquela que encontrava
a curva num único ponto.
Tornou-se assim importante
reformular tal conceito e encontrar um processo de traçar uma tangente a um
gráfico num dado ponto - esta dificuldade ficou conhecida na História da
Matemática como o “Problema da Tangente”.
Estas idéias constituíram o
embrião do conceito de derivada e levou Laplace a considerar Fermat “o
verdadeiro inventor do Cálculo Diferencial”. Contudo, Fermat não dispunha de
notação apropriada e o conceito de limite não estava ainda claramente
definido.
No séc. XVII Leibniz
algebriza o Cálculo Infinitesimal, introduzindo os conceitos de variável,
constante e parâmetro, bem como a notação dx e dy para designar a menor
possível das diferenças em x e em y. Desta notação surge o nome do ramo da
Matemática conhecido hoje como “Cálculo Diferencial”.
A
Teoria dos Limites, tópico introdutório é fundamental da Matemática Superior.
Portanto,
o que veremos, será uma introdução à Teoria dos Limites, dando ênfase
principalmente ao cálculo de limites de funções, com base nas propriedades
pertinentes.
Matemático
francês - Augustin Louis Cauchy – 1789/1857 foi, entre outros, um grande
estudioso da Teoria dos Limites. Antes dele, Isaac Newton, inglês, 1642/1727 e
Gottfried Wilhelm Leibniz, alemão, 1646/1716, já haviam desenvolvido o Cálculo
Infinitesimal.
DEFINIÇÃO
Dada
a função y = f(x), definida no intervalo real (a, b), dizemos que esta função f
possui um limite finito L quando x tende para um valor x0, se para
cada número positivo ε , por menor que seja,
existe em correspondência um número positivo δ , tal que para |x - x0|
<δ
, se tenha |f(x) - L | <ε , para todo x
¹ x0
.
Indicamos
que L é o limite de uma função f( x ) quando x tende a x0 , através
da simbologia abaixo: lim f(x) = Lx®
x0
Exemplo: Prove, usando
a definição de limite vista acima, que: lim (x + 5) = 8 x® 3.
Temos no caso: f(x) =
x + 5 x0 = 3L = 8.
Com
efeito, deveremos provar que dado um e
> 0 arbitrário, deveremos encontrar um δ > 0, tal que, para
|x - 3| < δ , se tenha |(x + 5) -
8| < δ . Ora, |(x + 5) - 8| < δ é equivalente a x - 3 | < e. Portanto, a desigualdade |x - 3|
< δ , é verificada, e neste caso
δ = δ. Concluímos então que
8 é o limite da função para x tendendo a 3 ( x δ 3) .
O
cálculo de limites pela definição, para funções mais elaboradas, é extremamente
laborioso e de relativa complexidade. Assim é que, apresentaremos as
propriedades básicas, sem demonstrá-las e, na seqüência, as utilizaremos para o
cálculo de limites de funções. Antes, porém, valem as seguintes observações
preliminares:
a)
É conveniente observar que a existência do limite de uma função, quando,
x ® x0 , não depende necessariamente
que a função esteja definida no ponto x0 , pois quando calculamos um
limite, consideramos os valores da função tão próximos quanto queiramos do
ponto x0 , porém não coincidente com x0, ou seja,
consideramos os valores da função na vizinhança do ponto x0 .Para
exemplificar, consideremos o cálculo do limite da função abaixo, para x 3.
Observe
que para x = 3, a função não é definida. Entretanto, lembrando que
x2 - 9 = (x
+ 3) (x - 3), substituindo e simplificando, a função fica igual a f(x) = x + 3,
cujo limite para x δ 3 é igual a 6, obtido
pela substituição direta de x por 3.
b)
o limite de uma função y = f(x), quando x ® x0,
pode inclusive, não existir, mesmo a função estando definida neste ponto x0
, ou seja , existindo f(x0).
c)
ocorrerão casos nos quais a função f(x) não está definida no ponto x0,
porém existirá o limite de f(x) quando x ®
x0
.
d)
nos casos em que a função f(x) estiver definida no ponto x0 , e
existir o limite da função f(x) para x ®
x0
e este limite coincidir com o valor da função no ponto x0, diremos
que a função f(x) é Contínua no ponto x0 .
e)
já vimos à definição do limite de uma função f(x) quando x tende a x0,
ou x ® x0 . Se x tende para x0,
para valores imediatamente inferiores a x0, dizemos que temos um
limite à esquerda da função. Se x tende para x0, para valores
imediatamente superiores a x0, dizemos que temos um limite à direita
da função.
Pode-se
demonstrar que se esses limites à direita e à esquerda forem iguais, então este
será o limite da função quando x ® x0.
PROPRIEDADES OPERATÓRIAS
DOS LIMITES
P1 - o limite de um soma de
funções, é igual à soma dos limites de cada função.
lim ( u + v + w + ... ) = lim u + lim v + lim w + ...
P2 - o limite de um produto é
igual ao produto dos limites.
lim (u . v) = lim u . lim v
P3 - o limite de um quociente de
funções, é igual ao quociente dos limites.
lim (u / v) = lim u / lim v , se lim v ¹
0.
P4 - sendo k uma constante e f
uma função, lim k. f = k. lim f
Observações:
No cálculo de limites,
serão consideradas as igualdades simbólicas, a seguir, envolvendo os símbolos
de mais infinito ( + ¥ ) e menos infinito (
- ¥ ), que representam quantidades
de módulo infinitamente grande. É conveniente salientar que, o infinitamente
grande, não é um número e, sim, uma tendência de uma variável, ou seja: a
variável aumenta ou diminui, sem limite.
Na realidade, os
símbolos + ¥ e - ¥ , não representam números reais,
não podendo ser aplicadas a eles, portanto, as técnicas usuais de cálculo
algébrico.
Dado b Î R - conjunto dos números reais,
teremos as seguintes igualdades simbólicas:
b + (+¥
) = + ¥
b + ( - ¥
) = - ¥
(+ ¥)
+ (+ ¥ ) = + ¥
(- ¥
) + (- ¥ ) = - ¥
(+ ¥
) + (- ¥ ) = nada se pode
afirmar inicialmente. O símbolo ¥
- ¥ , é dito um símbolo de
indeterminação.
(+ ¥
) . (+ ¥ ) = + ¥
(+ ¥
) . 0 = nada se pode afirmar inicialmente. É uma indeterminação.
¥
/ ¥ = nada se pode afirmar
inicialmente. É uma indeterminação.
No cálculo de limites
de funções, é muito comum chegarmos a expressões indeterminadas, o que
significa que, para encontrarmos o valor do limite, teremos que levantar a
indeterminação, usando as técnicas algébricas. Os principais símbolos de indeterminação
são:
¥
- ¥ |
¥
. 0 |
¥
/ ¥ |
¥
0 |
0 / 0 |
1¥ |
1- ¥ |
Cálculos de alguns limites
imediatos.
a) lim (2x + 3) = 2.5 + 3 = 13
x® 5
b) lim (x2 + x) = (+ ¥ )2 + (+¥
) = + ¥
+ ¥ = + ¥
x®
+ ¥
c) lim (4 + x3) = 4 +
23 = 4 + 8 = 12
x®
2
d) lim [(3x + 3) / (2x - 5)] =
[(3.4 + 3) / (2.4 - 5)] = 5
x® 4
e) lim [(x + 3) (x - 3)] = (4 +
3) (4 -3) = 7.1 = 7
x®
4
LIMITES FUNDAMENTAIS
A técnica de cálculo
de limites consiste na maioria das vezes, em conduzir a questão até que se
possa aplicar os limites fundamentais, facilitando assim, as soluções
procuradas. Apresentarei cinco limites fundamentais e estratégicos, para a
solução de problemas.
PRIMEIRO LIMITE
FUNDAMENTAL: O LIMITE TRIGONOMÊTRICO
Intuitivamente
isto pode ser percebido da seguinte forma: seja x um arco em radianos, cuja
medida seja próxima de zero, digamos x = 0,0001 rad. Nestas condições, o valor
de senx será igual a sen 0,0001 = 0,00009999 (obtido numa calculadora
científica).
Efetuando-se
o quociente, vem: senx / x = 0,00009999 / 0,0001 = 0,99999 » 1. Quanto mais próximo de zero for o arco x,
mais o quociente (senx) / x
se aproximará da unidade, caracterizando-se aí, a noção intuitiva de limite
de uma função.
Exemplo:
Uma mudança de
variável, colocando 5x = u, de modo a cairmos num limite fundamental. Verifique
também que ao multiplicarmos numerador e denominador da função dada por 5, a
expressão não se altera. Usamos também a propriedade P4.
SEGUNDO LIMITE
FUNDAMENTAL: LIMITE EXPONENCIAL
Onde e é a base do
sistema de logaritmos nigerianos, cujo valor aproximado é e » 2,7182818.
Exemplo:
TERCEIRO LIMITE FUNDAMENTAL: CONSEQUÊNCIA DO
ANTERIOR
Exemplo:
Observe o cálculo do limite
abaixo:
lim (1 + x)5/x = lim
[(1 + x)1/x]5 = e5
x®
0 ................x® 0
QUARTO LIMITE FUNDAMENTAL: OUTRO LIMITE EXPONENCIAL
Para a >
0.
QUINTO LIMITE FUNDAMENTAL
DERIVADA DE UMA FUNÇÃO Y = F(X) NUM PONTO X=X0.
Considere a figura
abaixo, que representa o gráfico de uma função y = f(x), definida num intervalo
de números reais.
Observando a
figura, podemos definir o seguinte quociente, denominado razão incremental da
função:
y = f(x), quando x varia de x0 para x0
+ D x0 :
Define-se a derivada da função y
= f(x) no ponto x = x0, como sendo o limite da razão incremental
acima, quando D x0 tende a zero, e é representada
por f ' (x0) , ou seja:
Assim, lembrando que a
derivada de uma função y = f(x) pode ser indicada pelos símbolos y ‘, f '
(x) ou dy/dx,
A seguir, uma tabela
contendo as derivadas de algumas das principais funções elementares,
restringindo nesta primeira abordagem, a oito funções elementares básicas, além
das derivadas da soma, produto e quociente de duas funções.
FUNÇÃO |
DERIVADA
|
y = k , k =
constante |
y ' = 0 |
y = k.x |
y ' = k |
y = x |
y' = 1 |
y = xn |
y ' = n.x n
- 1 |
y = a x
, 1# a > 0 |
y ' = a x
. ln a |
y = e x |
Y ' = e x |
y = sen(x) |
y ' = cos(x) |
y = cos(x) |
y ' = - sen(x) |
y = tg(x) |
y ' = sec2 (x) |
y = u + v |
y ' = u' + v' |
y = u.v |
y' = u'.v + u.v' |
y = u / v , v 0 |
y' = (u'.v -
u.v') / v2 |
Onde u = u(x) e v = v(x) são funções deriváveis no
ponto x.
Nota:
a derivada de uma função y = f(x), pode ser representada também pelos símbolos:
y ' ou dy/dx.
Observe
que quando D x0 ®
0 , o ponto Q no gráfico acima, tende a coincidir com o ponto P da mesma
figura., definindo a reta r , que forma um ângulo b
com o eixo horizontal (eixo das abscissas), e,
neste caso, o ângulo SPQ = a
.tende ao valor do ângulo b.
Ora,
quando D x0 ® 0 , já vimos que o quociente D y0 / D
x0 representa a derivada da função
y = f(x) no ponto x0. Mas, o quociente D
y0 / D
x0 representa , como sabemos da
Trigonometria, a tangente do ângulo SPQ = a
, onde P é o vértice do ângulo. Quando D
x0 D
0 , o ângulo SPQ = a , tende ao ângulo b.
Assim,
não é difícil concluir que a derivada da função y = f(x) no ponto x = x0
, é igual numericamente à tangente do ângulo b
. Esta conclusão será muito utilizada no futuro.
Podemos escrever
então: f '(x0) = tgb.
Conclusão
importante:
A
derivada de uma função y = f(x) num ponto x = x0 coincide
numericamente com o valor da tangente trigonométrica do ângulo formado pela
tangente geométrica à curva representativa de y = f(x), no ponto x = x0. |
NOTA:
Uma lâmpada de um poste de iluminação pública está situada a uma altura de 6m. Se uma pessoa de 1,80m de altura, posicionada embaixo da lâmpada, caminhar afastando-se da lâmpada a uma velocidade de 5m/s, com qual velocidade se desloca à extremidade de sua sombra projetada na rua?
Considere a figura a seguir:
Supondo que a pessoa partiu do ponto O a uma velocidade de 5m/s, depois de t segundos, ela terá percorrido a distância d = 5.t e estará no ponto B.
Como a luz se propaga em linha reta, a ponta da sombra da pessoa, estará no ponto S. Seja y esta distância.
Pela semelhança dos triângulos BAS e OLS, poderão escrever:
Substituindo os valores, vem:
Daí, fica:
6(y – 5t) = 1,80.y
6y – 30t = 1,80y
6y – 1,80y = 30t
4,20y = 30t
y = (30/4,20)t
Portanto,
y = 7,14t
Ora, a velocidade v do ponto S será a derivada dy/dt, ou seja:
Como y = 7,14t, vem imediatamente que: .
Portanto, a velocidade do ponto extremo da sombra é igual a 7,14 m/s.
NOTA:
Um tanque tem a forma de um cilindro circular reto de raio da base r = 5m e altura
h = 10m. No tempo t = 0, o tanque começa a ser cheio com água, que entra no tanque com uma vazão de 25 m3/h. Com qual velocidade o nível da água sobe? Depois de quanto tempo o tanque estará cheio?
Considere a figura a seguir:
Já sabemos que o volume de um cilindro reto de raio da base R e altura h é dado pela fórmula V = p.R2.h
Sendo x o nível da água no tanque, é óbvio que poderemos escrever:
V = p.52.x = 25.p.x (1)
A vazão de 25 m3/h é justamente a derivada dV/dt.
Derivando a expressão (1) em relação à x, vem imediatamente:
dV/dx = 25p
Derivando a expressão (1) em relação a t, vem:
Ora, a velocidade v com que o nível da água sobe é, exatamente dx/dt. Substituindo os valores conhecidos, vem finalmente:
25 = 25p .v, de onde tiramos v = 1/p m/h ou aproximadamente, v = 0,318 m/h. Portanto, o nível da água sobe a uma razão de 0,318 metros por hora. O tempo que levará para encher o tanque será então:
T = 10m / 0,318 m/h = 31,4h = 31h + 0,4h = 31h + 0,4. 60min
T = 31 horas e 24 minutos.
EXEMPLO:
DE COMO É USADOS
LIMITE E DERIVADO NUNHAM EMPRESA FLORESTAL
A
maximização do lucro (L) ocorre quando a diferença entre a receita total (RT) e
os custos totais (CT) são máximos. Matematicamente, tem-se:
L = RT – CT
L = Py. Y – Px. X
Em que Py = preço do produto (constante);
e
Px = preço do fator (constante).
O
lucro máximo é determinado no ponto em que a inclinação da função de lucro é
igual a zero (primeira derivada = 0 e segunda derivada < 0).
Derivando
a função de lucro em relação á do fator variável tem-se:
dL/dX
= Py. dY/dX + Y.0-Px . dX/dX +.0
dL/dX
= Py . dY/dX - Px
dL/dX
= Py . PFMa
- Px
(6.0)
Como
na equação (6.0) Py . PFMa (receita marginal) e Px
= CMa (custo marginal), tem-se:
dL/dX = RMa - CMa
Igualando a primeira
derivada a zero, tem-se:
dL/dX = RMa – CMa
=
(6.1)
A equação (6.1) pode
ser escrita da seguinte forma:
RMa = CMa = 0 ou
RMa = CMa ou
(6.3)
VPFMa = Px
(6.4)
Em que VPFMa = valor do produto
físico marginal.
Admitindo-se que a
segunda derivada da função de lucro seja menor que zero, as equações (6.3) e
(6.4) determinam que o lucro será máximo quando o retorno obtido ao produzir
uma unidade a mais do produto for igual ao custo para produzir essa unidade a
mais.
O quadro abaixo
ilustra a maximização de lucro da empresa florestal onde o custo marginal do
fator, ou preço do fator (Px1), é igual a US$ 2,00 e o preço do
produto (Py) igual a US$ 2,00.
X1 |
Y |
PFMe |
PFMa |
CMa (Px1) |
VPFMa |
CT |
RT |
Lucro |
1 |
1 |
1,0 |
1 |
2 |
2 |
2 |
2 |
0 |
2 |
3 |
1,5 |
2 |
2 |
4 |
4 |
6 |
2 |
3 |
6 |
2,0 |
3 |
2 |
6 |
6 |
12 |
6 |
4 |
10 |
2,5 |
4 |
2 |
8 |
8 |
20 |
12 |
5 |
15 |
3,0 |
5 |
2 |
10 |
10 |
30 |
20 |
6 |
19 |
3,2 |
4 |
2 |
8 |
12 |
38 |
26 |
7 |
22 |
3,1 |
3 |
2 |
6 |
14 |
44 |
30 |
8 |
24 |
3,0 |
2 |
2 |
4 |
16 |
48 |
32 |
9 |
25 |
2,8 |
1 |
2 |
2 |
18 |
50 |
32 * |
10 |
25 |
2,5 |
0 |
2 |
0 |
20 |
50 |
30 |
*Ponto em que o lucro é máximo
Tomemos os coeficientes angulares, m (x) = (f (x) – f (a))/(x – a), também chamados declividades, das retas secantes a G (f) por (x, f (x)) e (a, f (a)). Se a reta limite de nossas considerações preliminares existir e não for vertical, significa que os coeficientes angulares m (x) tendem a um valor fixo, m (a), que é o coeficiente angular da reta tangente e que chamaremos derivada de f em a. Na definição precisa, a seguir, o ponto a é ponto de:
e também ponto de acumulação de A.
Isto é, lembrando que A denota o conjunto dos pontos de acumulação de A, impomos.
Definição 3.1.1
Consideremos uma função e A função f é derivável em a, se existir o limite
|
|
(3.2) |
Neste caso, o valor f' (a) é chamado derivada de f em a.
Há várias notações para a derivada. Sendo y = f (x), as seguintes são algumas das mais comuns:
O termo diferenciável é sinônimo de derivável e também será usado de agora em diante com a mesma liberdade com que passaremos de uma para qualquer outra das notações acima.
A notação dy/dx é devida a Leibnitz. No seu tempo a formalização do conceito
de limite não havia sido atingida e o uso dessa notação pode ser explicado da
seguinte forma:
O acréscimo da variável x
Produz um acréscimo da variável y,
.
A
idéia é que, ao se tornarem infinitamente pequenos esses acréscimos passavam a
ser denotados por dx e dy,
respectivamente, e operavam-se com eles formalmente como com dois números
quaisquer.
A razão
Transformava-se
em dy/dx e este símbolo não representava um nem outro, como
acontece hoje, mas o quociente entre dy e dx. A despeito desses argumentos não ter uma clara
fundamentação lógica, devem ser julgados no contexto de sua época.
A notação de Leibnitz permanece e notará que ela é útil sendo, em muitas circunstâncias, a mais sugestiva.
A notação f' (x)
é atribuída a Lagrange. É a notação mais conveniente quando f
é diferenciável em um conjunto A
e se considera a função derivada em A. Isto é, a
função f'
que associa a cada
a
derivada f'(x)
de f
no ponto x.
Quando a variável independente representa o tempo e é indicada por t,
também se usa para a derivada de y = f (t) a notação
,
atribuída a Newton.
Após as considerações feitas até aqui é natural colocar:
Definição 3.1.2
Sendo y = f (x) derivável em a, a reta tangente ao gráfico, G (f), em (a, b), b = f (a), é a reta dada por:
y - b =
f (a)(x - a).
Se a equação horária de um movimento retilíneo é x = s (t), onde s é uma função diferenciável da variável tempo t, a velocidade v(t0) num instante t0 é a derivada de s em t0, isto é, v (t0): = s (t0).
Exemplo 3.1.1
(1) Se, então f (x) = 0. De fato, neste caso, o limite (1.1) fica
em qualquer ponto a.
(2) Se f (x) = x2, então f' (a) =
2a. De fato,
(3) A reta
tangente à parábola y = x2, no ponto (2,4) é:
y – 4 = 4(x – 2). |
(3.3) |
De fato, a derivada de x2 no ponto x = 2 é igual a 4. Usando agora o fato de que a equação da reta de coeficiente angular m, passando pelo ponto (a,b), é dada por y – b = m (x-a)
Chega-se à equação (3.3).
(4)
Generalizando o item (2), tem-se:
Antes de provarmos esse fato, convém observar que, se f é uma função diferenciável em um ponto a, na definição de derivada, o limite (1.1) pode ser escrito na forma:
O que será feito com muita freqüência daqui a diante.
Retomando o nosso exemplo,
aplicando o desenvolvimento do binômio obtemos:
Para n = 1, temos um caso particular importante dessa fórmula:
(x) = 1,
Isto é, a derivada da função identidade é 1. A fórmula neste caso faz sentido apenas para:
uma vez que a expressão 00 não é definida. Entretanto, pode verificar diretamente, a partir da definição de derivada, que (x) = 1, inclusive no ponto x = 0.
(5) . De fato, usando o Primeiro Limite
Fundamental para justificar a penúltima e a última linha da seguinte cadeia de
igualdades, tem:
(6)
Deve-se encarregar da demonstração desse fato.
Definição 3.1.3
Se a função:
e derivável em cada ponto de um conjunto
diz-se que f é derivável (ou diferenciável) em B. Se tivermos A = B, diremos simplesmente que f é derivável.
Assim, as funções:
, e y = xn,
são exemplos de funções diferenciáveis. A seguinte proposição e os próximos dois exemplos ajudam a entender como deve ser uma função não diferenciável.
Proposição 3.1.1
Se uma função f é derivável em um ponto a, então f é contínua em a.
Prova.
Note que f é contínua em a se, e somente se,
Este, de fato, é o caso quando f é diferenciável em a, pois:
Como
estou interessado em entender como é uma função não diferenciável num ponto,
posso reformular a Proposição 3.1.1 dizendo que toda função descontínua num
ponto a é não diferenciável em a.
A
pergunta agora é: vale a recíproca da Proposição 3.1.1? Ou seja, será que toda
função contínua em a é diferenciável nesse ponto?
A
resposta é negativa (como era de se esperar, pois em caso afirmativo, os
conceitos de diferenciabilidade e continuidade seriam equivalentes e poderíamos
ficar com apenas um deles). Os exemplos seguintes mostram funções contínuas e
não diferenciáveis em um ponto.
As
funções diferenciavam formam, portanto, uma classe mais seleta, ser
diferenciável é ser contínua e mais alguma coisa.
A função f (x) = |x| é contínua, mas não diferenciável, no ponto a = 0. De fato, neste caso, o limite (3.2) em a = 0, calculado à esquerda e à direita, assume valores distintos:
|
(3.4) |
|
(3.5) |
logo, não existe f' (0).
As
expressões (3.4) e (3.5) são chamadas, respectivamente, derivada à esquerda e
derivada à direita de f em 0. São denotadas por f (0 -) e f' (0 +).
Considerando limites laterais em (3.2) e lembrando as propriedades desses
limites temos: Seja a um ponto do domínio de uma função f e também ponto de
acumulação lateral desse domínio, deixando-o à esquerda e à direita. f é
diferenciável em a se, e somente se, suas derivadas laterais existem e
coincidem.
Neste caso, f' (a) = f
(a-) = f (a +).
Exemplo 3.1.3. A função:
é contínua, mas não diferenciável, nos pontos
Deixamos ao leitor, como exercício, a verificação da continuidade de f. A não diferenciabilidade em a=1 é conseqüência da propriedade que enunciamos acima a respeito das derivadas laterais. De fato, como x4 < x2, para – 1 < x < 1, e x2 < x4, para x > 1, usando o mesmo raciocínio do Exemplo 3.1.2, obtemos:
.
O
dispondo de mais de um recurso para verificar a não diferenciabilidade em a = -
1, inclusive o de explorar o fato de ser f uma função par. Por isso deixamos
essa tarefa a seu encargo como exercício.
|
|
O
gráfico acima representa a função do Exemplo 3.1.3. Observando essa figura, bem
como o gráfico de f (x) = |x|, e refletindo um pouco sobre uma possível
recíproca da Proposição 3.1.1, o concluiremos que ela é inviável. Além das
descontinuidades, os pontos onde o gráfico apresenta uma quina, “uma situação
de não concordância”, são pontos onde não existe reta tangente ao gráfico,
embora tenhamos continuidade da função nesses pontos.
Numa
linguagem intuitiva, estas são situações típicas de não diferenciabilidade,
enquanto que, grosso modo, o gráfico de uma função diferenciável tem um aspecto
suave, não anguloso, como o gráfico de f (x) = x3 ou das funções ou
,
por exemplo.