Reportagem fotográfica da Construção do Avião "Difícil"


Esta página pretende ser uma reportagem fotográfica e comentada da construção, efectuada a partir de uns planos que vieram com a revista Modele Magazine No 521 de Fevereiro de 1995 do avião "F-acil 2" que eu re-baptizei de "Difícil" após o completar da instalação dos comandos do avião (recepção, servos e ligações), ver a frente o porquê deste re-baptismo.

Com quantos paus se faz uma canoa? Pecas 01

A realização das peças para as asas e empenagens foi perfeitamente normal, o facto de o avião ser na sua quase totalidade em balsa facilita a construção. Usei os gabaritos proposto para fazer todas as nervuras de uma só vez. A falha maior nesta fase é a inexistência nos planos de vistas do corpo da fuselagem que não sejam as laterais, e a inferior traseira. Como tal faltam no acervo das peças todas as peças que dizem respeito ao topo da fuselagem que só foram feitas quase no fim da construção.

Asa 01 Asa 02 A construção da asa foi normal. Eu faço habitualmente a construção sobre o próprio plano (após tirar uma fotocópia do mesmo) sendo que para tal completei o plano com o desenho de toda a asa e não somente de metade.

Asa 03 Asa 04 Após a construção das duas semi-asas fiz a junção das mesmas tendo o cuidado de respeitar o diedro (3 graus) para tal calculei o valor dos dois catetos do triângulo com um dos vértices no ponto de apoio da asa e dados um dos catetos (o horizontal) sendo o outro calculado tendo em conta o valor da tangente de 3 graus.

Asa 05 Asa 06 Após isso fiz a caixa para o servo de comando dos aelerons, acrescentei as barras de comando dos aelerons, fiz o furo para o parafuso (de nylon) de fixação da asa, coloquei as barras frontais de fixação da asa e finalmente completei o forrar da asa.

Asa 07 A junção das duas semi-asas recebeu um reforço em fibra de vidro.

PROBLEMA - A colocação dos comandos dos aelerons e do parafuso de fixação da asa (se se optar por esta opção e não a dos elásticos) estão colineares e demasiado perto. Este problema só se vai tornar crítico aquando da montagem dos comandos, sendo que nessa altura é uma fonte de complicação adicional não esperada nem desejada.

SOLUÇÃO - Não sei bem pois que eu tive que resolver o problema a posteriori e não posso dizer que seja uma solução exemplar.

  1. estudar o ponto de fixação da asa para que este deixe de estar colinear com os comandos dos aelerons.
  2. Usar um suporte de fixação da asa (vulgo porca) que tenha como única parte "visível" a zona da porca para deste modo não haver colisão do suporte da asa com os comandos dos aelerons.
Asa 08 Asa 09 Finalmente temos a colocação dos bordos marginais, e o começo do forrar da asa.

Empenagens 01 Empenagens 02 A construção das empenagens foi feita sem problemas é uma construção fácil. Uma só nota, é necessário ter cuidado com a colocação da empenagem horizontal (estabilizador) no corpo do avião, pois que o ângulo proposto revelou-se demasiado elevado. Eu ainda não fiz essa correcção mas de momento o avião para estar estabilizado verticalmente tem de ter os lemes de profundidade ligeiramente para cima.

Corpo 01 A construção do corpo não levantou grandes problemas. Os planos são um pouco omissos nesta parte e como tal tive de completar os planos com algum cuidado de forma a puder fazer uma correcta construção das peças. Nesta fase só fiz a paredes laterais, as cavernas (em contraplacado) e a parte de baixo traseira.

De seguida fiz a colocação do depósito, a fixação da bancada do motor e comecei a estudar a colocação dos comandos. Corpo 02 Corpo 03 Corpo 04 Corpo 05 Corpo 06 Estruturas 01

Comandos - Aqui foi um autêntico desastre. Fiz, refiz, tornei a fazer e só o facto de já ter perdido imenso tempo com a construção é que me impediu de resolver a questão à martelada.

Comandos 01 O problema é simples - ESPAÇO - A colocação dos comando é feita ao milímetro. Se se atender à fotografia, vê-se que tudo está muito arrumadinho. O espaço que parece sobrar não sobra, é o espaço aonde se vai encaixar o servo dos aelerons.

Comandos 02 O problema começa com a colocação dos servos. Após uma primeira tentativa despreocupada verifiquei que tinha deixado de puder fechar a parte de cima da fuselagem. Tive que retirar tudo e fazer uma colocação em que o servo central está rigorosamente centrado e os dois laterais têm exactamente uma folga de 1mm (medida com um bocado de cartão dessa grossura) entre eles e o servo central. Mesmo assim tive necessidade de acrescentar uma segunda caverna superior após os servos para só após a zona dos servos se verificar o afunilamento da fuselagem.

Comandos 03 Comandos 02 O problema continua com a realização dos tirantes de ligação dos servos aos triângulos de comando nos lemes de profundidade e da deriva. Como gosto muito da solução arame preso com um serra cabos ligado a cabeça do servo optei por essa solução. Erro esta solução acrescenta altura à ligação e os comandos vão colidir com os comandos dos aelerons. Depois de já ter tudo feito tive que refazer de molde a passar a ter a solução arame com ponta roscada e pinça de ligação ao servo. As saídas dos comandos na parte traseira da fuselagem merecem uma atenção especial pois que será preferível afastar, em altura, um pouco mais as saídas de molde a que os tirantes não batam um no outro. é de notar que realizei os tirantes em tubo de alumínio revestido de carbono, ou seja aproveitei uma flechas (velhas) de competição de uma amigo arqueiro.

A realização do comando dos aelerons é dentro destas a menos complicada. Ou melhor aquela que tudo complica mas que nada resolve. A caixa para assentar o servo foi feita de acordo com o que uma vez vi numa revista já não sei para que avião, ficou impecável. Se repararem com atenção nas fotografias eu enganei-me e fiz o buraco no forro (e a caixa também) para o servo na parte debaixo da asa e só depois é que reparei que ele era para ser na parte de cima. Enfim este foi fácil de reparar. Os braços superiores do Z de comando dos aelerons tem de ser pequeno pois que senão vai entrar em colisão com os restantes comandos, além disso vão também entrar em colisão com a peça de fixação da asa que teve de ser modificada de molde a quase se resumir à porca de fixação do parafuso.

Corpo 07 Corpo 08 Corpo 09 O completar do corpo do avião não levanta grandes problemas. Como os planos são omissos quanto às medidas das placas de forro superior tive que as calcular nesta altura mas isso não foi complicado. A realização do capô foi feita de acordo com um artigo que apareceu na mesma revista e resultou em cheio. Fiz um primeiro capô e depois de verificar que ele tinha ficado grande de mais na parte frontal fiz um segundo mais afunilado.

O encaixe da asa no avião não levantou problemas. Foi feito de acordo com os planos. Acrescentei fita isolante à zona de assento da asa no corpo do avião de molde a que não entre óleo para dentro do avião.

Eis algumas imagens de todas as estruturas "encaixadas".

Avi\~ao 01 Avi\~ao 02 Avi\~ao 03
  border=1 Avi\~ao 04
  border=1 Avi\~ao 05
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Trem Traseiro
01 Trem Traseiro
02 Trem Traseiro
03 A realização do trem de aterragem foi fácil de realizar. A roda traseira foi feita por cópia do sistema que tenho no Extra 300S da Hobbico, ou seja uma corda de piano com +|- 2mm fixada na deriva tendo uma chapa metálica fixada a parte de baixo do corpo do avião a fornecer o eixo de rotação e com uma dobragem para dar o efeito de mola.

Quanto ao trem dianteiro foi necessário proceder a algumas alterações em relação ao que vinha nos planos. Nos planos é referido um posicionamento nas asas que eu respeitei, e que depois decidi não alterar pois que implicava um refazer da asa, e é também referido o uso de arame de aço (corda de piano) de 3mm, uma altura 7cm de braço mais rodas de 6cm de diâmetro. Tendo respeitado essas indicações verifiquei que era impossível fazer descolar o avião dado que ele afocinhava mal eu acelerava o motor. Era impossível fazê-lo andar no chão quanto mais descolar.

Trem
Dianteiro 01 O primeiro passo foi aumentar a altura para 9cm. Ficou melhor mas não o suficiente. O passo seguinte foi dobrar o arame de molde a avançar a posição de contacto das rodas com o chão. Já resultou e o avião fez os seus primeiros voos com este trem de aterragem, posteriormente decidi aumentar o ângulo de avanço para os 45 graus ficando com uma inclinação tal que com o avião em posição de voo, asas na horizontal, e olhando de cima as rodas dianteiras mal se vêem, mas vêem. A última (espero) versão do trem de aterragem dianteiro tem um comprimento de 11 cm, e as experiências que já fiz com ele nesta configuração permitem concluir que este comprimento já é razoável para um hélice de 11 polegadas de diâmetro e melhor será para um hélice de 10 polegadas. Outra alternativa seria o avançar do posicionamento do trem nas asas, isto mantendo o comprimento de 7cm (talvez 9cm) proposto.

O forrar de todo o avião é perfeitamente normal não havendo nada a assinalar, usei papel termo retráctil em todo o forrar e inclusive na decoração. A decoração é um "juntar" de ideias que aparecem nas revistas com o objectivo de fazer uma decoração fácil de executar, mas agradável e com boa visibilidade no ar, em minha opinião fui bem sucedido.

Avi\~ao 06 Avi\~ao 07 Avi\~ao 08 Avi\~ao 09 Avi\~ao 10 Avi\~ao 11 Avi\~ao 12 Avi\~ao 13 Avi\~ao 14 Avi\~ao 15

Quanto ao voo: O primeiro voo foi um desatino total. Tentei colocar todos os lemes em posição neutra só que o facto de o estabilizador estar com um ângulo de incidência positiva demasiado elevado baralhou os dados todos. Em resumo o avião com os comandos do transmissor em posição neutra picava que nem um louco além de ter uma tendência de inclinar as asas para a direita. Coloquei de imediato o ajuste fino ("trim") no máximo, mesmo assim o avião tinha uma enorme tendência para picar. Após um voo com altos e baixos e um looping quase a razar o chão lá o consegui colocar contra o vento e tendo desligado o motor consegui fazer uma aterragem quase normal. O segundo voo foi mais normal e após umas quantas manobras bruscas lá consegui ajustar o avião tanto no que diz respeito a profundidade como aos aelerons.

Após o afinar dos comandos eis o que há para dizer:

O avião tem um descolar fácil. Após uma dezenas de metros levanta a roda traseira e após mais uma meia dúzia de metros basta um pequeno toque na profundidade para descolar. Enquanto no chão não tem tendência para se desviar da trajectória e uma vez no ar também não.

A aterragem também é fácil. Dado a grande área alar o avião quase que aterra e pára de seguida. Com vento eu consegui uma aterragem em que após um ou dois metros o avião já estava parado. Com menos vento, ou uma maior velocidade de aproximação a aterragem é também fácil, primeiro as rodas dianteiras e após alguns metros baixa a roda traseira.

O voo é de uma grande suavidade sendo que o avião está tem uma rota muito estabilizada.

Quanto à acrobacia? Eis alguns comentários

Falta de potência do Motor: o motor recomendado na revista é um motor de 4cm3 (.025ci) como tal coloquei-lhe um OS25FP que eu já tinha. Este motor revelou-se "curto" para o avião. No seguimento instalei-lhe um motor de 6,5cm3 simples, ou seja um OS40FP que se revelou apropriado para este avião. A conclusão que se pode tirar é a seguinte: ou se instala um bom 4cm3, ou então um 6,5cm3 normal. Rolamentos segundo o eixo das asas (vulgos "loopings") - São efectuados com grande precisão desde os mais fechados até aos mais abertos.

Rolamentos segundo o eixo do avião (vulgos "tonneau") - Aqui ainda não consegui fazer um rolamento a começar e a acabar no mesmo nível, mas suspeito que "as culpas" têm de ser divididas pelo piloto e pelo avião.

Voo invertido - é fácil de efectuar bastando um pouco de profundidade para ele manter a trajectória.

Estou a participar no campeonato de F3A-Nacional com o "Difícil" e o que se pode dizer é o seguinte:

Eis uma fotografia do "Difícil" na sua versão final.

Dificil 02


P.S. Durante a participação numa das provas do campeonato nacional de F3A-Nacional, quase no fim do triplo tonneau, houve uma subita alteração do nível médio das águas do mar, a terra subiu inexplicavelmente não tendo sido possível fugir a tempo :)

Bem, esta é uma nova etape da vida do Difícil: "a reconstrução".

Após a recuperação da asa e já com algum trabalho feito no corpo do avião. Reconstrucao
Avi\~ao 1

Já quase todo pronto, só faltam os acabamentos. Reconstrucao
Avi\~ao 2


Eis duas fotografias do "Difícil" após a sua reconstrução.

Dificil
Reconstruido 1 Dificil
Reconstruido 2


Pedro Quaresma de Almeida - pedro@mat.uc.pt