Como Fabricar uma Torre para as Corridas F3D
Pedro Quaresma
June 16, 1998
Este texto pretende ser uma descrição, mais ou menos
pormenorizada, de como nós (C.A.C.) construímos as torres para
as corridas de F3D. Julgo que pode ser tomado como ponto de partida
para outros interessados nas corridas de aviões telecomandados.
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Antes de mais o Caderno de Encargos.
- Torre:
- Pirâmide Triangular com 4m de altura, a base é
definida por um triângulo equilátero circunscrito numa
circunferência de 2,3m de raio. Possuí uma bandeira no topo.
Tendo este caderno de encargos por base, optei por uma
solução que à partida me pareceu simples e realizável com os
meios ao meu dispor.
Temos então a seguinte descrição da torre nas suas várias
componentes: Prumo com 4m de altura, seguro por cordas com
esticadores e "vestido" com uma "saia" com a forma de uma
pirâmide triangular.
As cordas ao irem do topo do prumo para pontos no chão que definem
os vértices do triângulo da base sustentam a forma triangular da
saia.
O prumo tem de possuir no seu topo um espigão que permita, não
só fixar as cordas, e o topo da saia, como também a
colocação da bandeira.
Após as primeiras experiências tornou-se evidente que era
necessário:
- acrescentar um segundo conjunto de cordas com esticadores,
fixadas ao meio do prumo, de molde a reforçar a sua
resistência à torção.
- realizar aberturas na saia para diminuir a resistência ao
vento.
Passemos à descrição pormenorizada, e ilustrada, das várias
componentes.
- Pirâmide Triangular - planificação:
- Pirâmide
triangular regular recta; altura, 4m; base, triângulo equilátero
circunscrito numa circunferência de raio 2,3m. O centro da
circunferência define o ponto de apoio do prumo.
- Prumo:
- Prumo em ferro electrozincado, com 4m de altura. Possui
três secções com 2,5cm, 2,1cm, e 1,9cm de diâmetro
respectivamente, as secções vão-se encaixar umas nas
outras. Na base possui uma sapata de borracha e no topo um espigão
com 1cm de diâmetro para permitir a colocação da bandeira e
a fixação das cordas de fixação. Foi ainda necessário
acrescentar um segundo ponto de apoio de cordas, o que foi feito por
meio de três mosquetões com torniquete, fixos ao prumo por uma
braçadeira metálica.
É de referir que, dado a sua altura, os diâmetros das
secções do prumo não devem ser menores do que aqueles
referidos. Um diâmetro menor implica também uma menor
resistência à torção e como tal uma menor resistência do
conjunto ao vento.
A primeira experiência que fizemos com um prumo com três
secções de 1,9cm de diâmetro, sem cordas auxiliares e a
saia sem buracos foi desastrosa. Os prumos dobraram tendo provocado
a queda de todo o conjunto.
Na montagem que estamos a descrever acrescentou-se um segundo
conjunto de cordas e fizeram-se uns buracos na saia. Mesmo assim
julgo que é importante aumentar o diâmetro das várias
secções do mastro.
- realização:
- Por encomenda numa fábrica de artigos de
campismo.
- materiais:
- prumo em ferro electrozincado; uma braçadeira;
três mosquetões com torniquete.
- custo estimado dos materiais:
- 1900$00 Esc; 270$00 Esc;
440$00 Esc.
- Cordas com Esticadores:
- Dois conjuntos de cordas. Um primeiro
constituido por três cordas, cada uma de um dos vértices da base
para o vértice da pirâmide. Estas cordas vão definir as
arestas laterais e têm de comprimento 5m (4,6m + 0,4m para a
realização dos esticadores). Um segundo conjunto de cordas é
constituido por três cordas que vão de cada um dos vértices da
base para o meio do prumo. Este conjunto serve somente para melhorar
a resistência à tração do prumo. Têm de comprimento
3,1m.
Numa das pontas definem uma argola para prender no espigão do
mastro, ou nos mosquetões, na outra ponta têm uma argola com
esticador para prenderem nas estacas.
- materiais:
- Corda multi-filamento entraçada; borracha
maleável com 1cm de altura (solas de sapato); fio de nylon com
0,45mm de diâmetro (fio de pesca).
- realização:
- caseira.
- custo estimado dos materiais:
- Corda (70m) 3500$00 Esc.
- Bandeira:
- Flánula triângular feita em pano de rafia e com
um mastro de tubo de electricidade de 1cm de diametro interno para
encaixar no espigão do topo do prumo. A forma da bandeira é um
triângulo isósceles com 40cm de base e 80cm de altura.
- materiais:
- Pano de Rafia (sobras da realização da saia, ver
mais à frente). Tubo de Plástico (tubo de electricidade) com 1cm
de diametro interno.
- realização:
- Caseira.
Observação: As bandeiras foram pintadas com uma tinta
plástica para ficarem mais visíveis. Além das bandeiras de
topo das torres foram também realizadas bandeiras para os vários
juízes de prumo assim como uma bandeira de partida.
- Saia:
- Cobertura em pano de rafia (leve e resistente)
constituída por três secções triangulares que são
depois cozidas de forma a formarem um pirâmide triangular sem a face
da base. As medidas desta pirâmide são ligeiramente inferiores
à pirâmide formada pelo prumo e pelas cordas de forma a ter uma
abertura na parte de baixo.
No topo é cozido um reforço em pano e com um ilhós para
permitir o encaixe no espigão do topo do prumo.
Na base são fixados seis elásticos, um em cada vértice e um em cada
ponto médio das arestas da base. Os elásticos são fixos à saia com
ajuda de uma argola de fita de nastro que é cozida à saia. Este
elásticos servem para fixar a saia na sua parte de baixo através de
seis estacas.
A saia deve (devia) ser pintada de acordo com um esquema que melhor
se adapte ao local, tornando a torre o mais vísivel possível. No
caso presente eu não tive ainda paciência para o fazer. Uma sugestão
para um esquema de pintura é dado pelo imagem da autoria de Martin
Hepperle.
- materiais:
- Pano de Rafia, Fita de Nastro, Elásticos de
Campismo, Pano (de uma calças velhas, ...), Ilhós.
- realização:
- Semi-profissional. Ou seja foi uma realização
caseira mas com a ajuda de um dos sócios do clube que possuí
máquinas de costura profissionais.
Não cheguei a indagar acerca da possibilidade de encomendar a
realização desta "tenda" a uma fábrica de material de
campismo.
- custo estimado dos materiais:
- Dois Panos de rafia
(4×4m), 4400$00 Esc; Fita de Nastro (3m) 240$00 Esc; Dez
Elásticos 400$00 Esc.
Após a realização da saia e pelos motivos já indicados foi
necessário realizar aberturas na saia. Foram feitos seis buracos
circulares por face.
Para tal usou-se um arame aquecido que, dado a rafia ser um material
plástico, abria o rasgo remantando de imediato, não permitindo
deste modo que o pano de rafia se desfiasse.
- Estacas:
- Para a fixação das cordas ao terreno são
necessárias três estacas, uma para cada corda. É também
útil ter uma quarta estaca para definir o local de colocação
do prumo. Para a fixação da saia são necessárias seis
estacas, sendo que três delas vão coincidir com as estacas de
fixação das cordas. No total temos então sete estacas.
- realização:
- Compra numa casa de material de campismo.
- custo:
- Dez estacas 450$00 Esc.
Como montar a torre - versão de treinos
Para uma utilização simplificada, por exemplo em treinos,
pode-se optar por uma versão simplificada das torres, prescindindo
da saia. Ao prescindir-se da saia pode-se também optar por não colocar
o segundo conjunto de cordas.
O prumo com a bandeira no topo é mesmo assim muito visível e
além de uma montagem muito mais fácil é também muito menos
sensível ao vento.
Temos então o seguinte procedimento de montagem:
- Colocação das Estacas: A colocação das estacas
é determinante para uma fácil montagem da restante estrutura,
assim como para a definição da forma da pirâmide, isto
porque, como dissemos acima, as cordas que unem as estacas ao topo
do prumo, definem as arestas laterais da pirâmide.
Sendo assim construi um gabarito de montagem para permitir a
determinação dos pontos de colocação das estacas, isto
logo após se ter definido o ponto de colocação do prumo,
ponto esse que vai definir o centro da circunferência na qual
está circunscrito o triângulo da base.
O gabarito define um triângulo isósceles com um lado com 3,9m, e
os outros dois com 2,3m. Ou seja o lado maior vai coincidir com uma
das arestas da base e os outros lados são raios da
circunferência.
Fixando o vértice definido pela intersecção dos dois lados
iguais na estaca que define o centro da circunferência conseguimos
determinar a posição para colocar duas das estacas da base.
O terceiro ponto para a fixação da estaca que falta obtêm-se
de modo semelhante. Ou seja fixa-se o gabarito ao centro e numa das
estacas fixadas anteriormente. O vértice em falta determina a
colocação da terceira estaca.
Claro está que se forem pelo menos três a montar a tenda não
é necessário tanta complicação. Basta fixar uma primeira
estaca e depois com um a segurar o prumo os outros dois esticam as
cordas de forma a definir o triângulo da base. Neste caso só é
necessário ter o cuidado de bem determinar as arestas da
pirâmide.
- Colocação das Cordas e da Bandeira: Após a
colocação das estacas tudo o resto é evidente. Como tal
temos: o desdobrar das várias secções do mastro; a
colocação das cordas no espigão do topo do mastro; a
colocação da bandeira; colocação das cordas nas estacas.
- Erger todo o conjunto Este ponto também é
evidente. Dois pontos só que vale a pena referir. A estaca que
define o centro da circunferência da base serve agora para
definir a colocação da base do mastro. As cordas devem estar
laças para premitiram o erger do mastro sem dificuldade, após
isso usam-se os esticadores para as colocar tensas e fixar deste
modo o mastro.
Não é necessário colocar o segundo conjunto de cordas dado que a
resistência ao vento que o mastro faz nesta configuração é
mínima.
Como montar a torre
Para uma utilização em provas deve-se optar por uma versão
completa das torres para deste modo ter uma melhor visibilidade das
torres.
No caso de se prever muito vento é importante orientar as torres de
forma a que uma das arestas esteja virada ao vento.
Temos então o seguinte procedimento de montagem:
- Colocação das Estacas: A colocação das estacas
no vértice da pirâmide é em tudo idêntico ao procedimento
já descrito acima.
As restantes estacas (três) vão servir para segurar a saia
lateralmente. A sua colocação (trivial) vai depender da forma
da pirâmide e como tal a sua colocação só é feita na
altura em que se pretender fixar a saia ao chão.
- Colocação das Cordas, da Saia e da Bandeira: Após
a colocação das estacas tudo o resto é evidente. Como tal
temos: o desdobrar das várias secções do mastro; a
colocação das cordas de topo no espigão do topo do mastro;
colocação das cordas auxiliares nos mosquetões do meio do
mastro; colocação das cordas nas estacas; colocação da
saia, isto é, vestir a saia tendo o cuidado de colocar o ilhós
do topo da saia no espigão do topo do mastro; colocação da
bandeira .
- Erger todo o conjunto Este ponto também é evidente. No
caso presente é difícil executar esta tarefa sem ajuda, o
melhor é ser um na tarefa de erguer o mastro e um(dois) outro(s)
para se assegurar(em)que a saia vai se encaixar
correctamente. Pontos que vale a pena referir. Esta é uma
operação difícil de executar com muito vento, nesses
casos será melhor optar por uma montagem simplificada da torre. A
estaca que define o centro da circunferência da base serve agora
para definir a colocação da base do mastro. As cordas devem
estar laças para premitiram o erger do mastro sem dificuldade,
após isso usam-se os esticadores para as colocar tensas e fixar
deste modo o mastro.
- Colocação das Estacas: Após todo o conjunto estar
ergido fica a faltar a colocação das estacas laterais. A sua
colocação é trivial.
Pedro Quaresma de Almeida - pedro@mat.uc.pt