Com quantos paus se faz uma canoa?
A realização das peças para as asas e empenagens foi perfeitamente normal, o facto de o avião ser na sua quase totalidade em balsa facilita a construção. Usei os gabaritos proposto para fazer todas as nervuras de uma só vez. A falha maior nesta fase é a inexistência nos planos de vistas do corpo da fuselagem que não sejam as laterais, e a inferior traseira. Como tal faltam no acervo das peças todas as peças que dizem respeito ao topo da fuselagem que só foram feitas quase no fim da construção.
A
construção da asa foi normal. Eu faço
habitualmente a construção sobre o próprio plano
(após tirar uma fotocópia do mesmo) sendo que para tal
completei o plano com o desenho de toda a asa e não somente de
metade.
Após a construção das duas semi-asas fiz a
junção das mesmas tendo o cuidado de respeitar o diedro
(3 graus) para tal calculei o valor dos dois catetos do
triângulo com um dos vértices no ponto de apoio da asa e
dados um dos catetos (o horizontal) sendo o outro calculado tendo em
conta o valor da tangente de 3 graus.
Após isso fiz a caixa para o servo de comando dos aelerons,
acrescentei as barras de comando dos aelerons, fiz o furo para o
parafuso (de nylon) de fixação da asa, coloquei as
barras frontais de fixação da asa e finalmente completei
o forrar da asa.
A
junção das duas semi-asas recebeu um reforço em
fibra de vidro.
PROBLEMA - A colocação dos comandos dos aelerons e do parafuso de fixação da asa (se se optar por esta opção e não a dos elásticos) estão colineares e demasiado perto. Este problema só se vai tornar crítico aquando da montagem dos comandos, sendo que nessa altura é uma fonte de complicação adicional não esperada nem desejada.
SOLUÇÃO - Não sei bem pois que eu tive que resolver o problema a posteriori e não posso dizer que seja uma solução exemplar.
A
construção das empenagens foi feita sem problemas
é uma construção fácil. Uma só
nota, é necessário ter cuidado com a
colocação da empenagem horizontal (estabilizador) no
corpo do avião, pois que o ângulo proposto revelou-se
demasiado elevado. Eu ainda não fiz essa
correcção mas de momento o avião para estar
estabilizado verticalmente tem de ter os lemes de profundidade
ligeiramente para cima.
A
construção do corpo não levantou grandes
problemas. Os planos são um pouco omissos nesta parte e como
tal tive de completar os planos com algum cuidado de forma a puder
fazer uma correcta construção das peças. Nesta
fase só fiz a paredes laterais, as cavernas (em contraplacado)
e a parte de baixo traseira.
De seguida fiz a colocação do depósito, a
fixação da bancada do motor e comecei a estudar a
colocação dos comandos.
Comandos - Aqui foi um autêntico desastre. Fiz, refiz, tornei a fazer e só o facto de já ter perdido imenso tempo com a construção é que me impediu de resolver a questão à martelada.
O problema é
simples - ESPAÇO - A colocação dos comando
é feita ao milímetro. Se se atender à fotografia,
vê-se que tudo está muito arrumadinho. O espaço
que parece sobrar não sobra, é o espaço aonde se
vai encaixar o servo dos aelerons.
O
problema começa com a colocação dos
servos. Após uma primeira tentativa despreocupada verifiquei
que tinha deixado de puder fechar a parte de cima da fuselagem. Tive
que retirar tudo e fazer uma colocação em que o servo
central está rigorosamente centrado e os dois laterais
têm exactamente uma folga de 1mm (medida com um bocado de
cartão dessa grossura) entre eles e o servo central. Mesmo
assim tive necessidade de acrescentar uma segunda caverna superior
após os servos para só após a zona dos servos se
verificar o afunilamento da fuselagem.
O
problema continua com a realização dos tirantes de
ligação dos servos aos triângulos de comando nos
lemes de profundidade e da deriva. Como gosto muito da
solução arame preso com um serra cabos ligado a
cabeça do servo optei por essa solução. Erro esta
solução acrescenta altura à ligação
e os comandos vão colidir com os comandos dos aelerons. Depois
de já ter tudo feito tive que refazer de molde a passar a ter a
solução arame com ponta roscada e pinça de
ligação ao servo. As saídas dos comandos na parte
traseira da fuselagem merecem uma atenção especial pois
que será preferível afastar, em altura, um pouco mais as
saídas de molde a que os tirantes não batam um no
outro. é de notar que realizei os tirantes em tubo de
alumínio revestido de carbono, ou seja aproveitei uma flechas
(velhas) de competição de uma amigo arqueiro.
A realização do comando dos aelerons é dentro destas a menos complicada. Ou melhor aquela que tudo complica mas que nada resolve. A caixa para assentar o servo foi feita de acordo com o que uma vez vi numa revista já não sei para que avião, ficou impecável. Se repararem com atenção nas fotografias eu enganei-me e fiz o buraco no forro (e a caixa também) para o servo na parte debaixo da asa e só depois é que reparei que ele era para ser na parte de cima. Enfim este foi fácil de reparar. Os braços superiores do Z de comando dos aelerons tem de ser pequeno pois que senão vai entrar em colisão com os restantes comandos, além disso vão também entrar em colisão com a peça de fixação da asa que teve de ser modificada de molde a quase se resumir à porca de fixação do parafuso.
O completar do
corpo do avião não levanta grandes problemas. Como os
planos são omissos quanto às medidas das placas de forro
superior tive que as calcular nesta altura mas isso não foi
complicado. A realização do capô foi feita de acordo com
um artigo que apareceu na mesma revista e resultou em cheio. Fiz um
primeiro capô e depois de verificar que ele tinha ficado grande de
mais na parte frontal fiz um segundo mais afunilado.
O encaixe da asa no avião não levantou problemas. Foi feito de acordo com os planos. Acrescentei fita isolante à zona de assento da asa no corpo do avião de molde a que não entre óleo para dentro do avião.
Eis algumas imagens de todas as estruturas "encaixadas".
A
realização do trem de aterragem foi fácil de
realizar. A roda traseira foi feita por cópia do sistema que
tenho no Extra 300S da Hobbico, ou seja uma corda de piano com +|- 2mm
fixada na deriva tendo uma chapa metálica fixada a parte de
baixo do corpo do avião a fornecer o eixo de
rotação e com uma dobragem para dar o efeito de mola.
Quanto ao trem dianteiro foi necessário proceder a algumas alterações em relação ao que vinha nos planos. Nos planos é referido um posicionamento nas asas que eu respeitei, e que depois decidi não alterar pois que implicava um refazer da asa, e é também referido o uso de arame de aço (corda de piano) de 3mm, uma altura 7cm de braço mais rodas de 6cm de diâmetro. Tendo respeitado essas indicações verifiquei que era impossível fazer descolar o avião dado que ele afocinhava mal eu acelerava o motor. Era impossível fazê-lo andar no chão quanto mais descolar.
O primeiro passo
foi aumentar a altura para 9cm. Ficou melhor mas não o
suficiente. O passo seguinte foi dobrar o arame de molde a
avançar a posição de contacto das rodas com o
chão. Já resultou e o avião fez os seus primeiros
voos com este trem de aterragem, posteriormente decidi aumentar o
ângulo de avanço para os 45 graus ficando com uma
inclinação tal que com o avião em
posição de voo, asas na horizontal, e olhando de cima as
rodas dianteiras mal se vêem, mas vêem. A última
(espero) versão do trem de aterragem dianteiro tem um
comprimento de 11 cm, e as experiências que já fiz com
ele nesta configuração permitem concluir que este
comprimento já é razoável para um hélice
de 11 polegadas de diâmetro e melhor será para um
hélice de 10 polegadas. Outra alternativa seria o
avançar do posicionamento do trem nas asas, isto mantendo o
comprimento de 7cm (talvez 9cm) proposto.
O forrar de todo o avião é perfeitamente normal não havendo nada a assinalar, usei papel termo retráctil em todo o forrar e inclusive na decoração. A decoração é um "juntar" de ideias que aparecem nas revistas com o objectivo de fazer uma decoração fácil de executar, mas agradável e com boa visibilidade no ar, em minha opinião fui bem sucedido.
Quanto ao voo: O primeiro voo foi um desatino total. Tentei colocar todos os lemes em posição neutra só que o facto de o estabilizador estar com um ângulo de incidência positiva demasiado elevado baralhou os dados todos. Em resumo o avião com os comandos do transmissor em posição neutra picava que nem um louco além de ter uma tendência de inclinar as asas para a direita. Coloquei de imediato o ajuste fino ("trim") no máximo, mesmo assim o avião tinha uma enorme tendência para picar. Após um voo com altos e baixos e um looping quase a razar o chão lá o consegui colocar contra o vento e tendo desligado o motor consegui fazer uma aterragem quase normal. O segundo voo foi mais normal e após umas quantas manobras bruscas lá consegui ajustar o avião tanto no que diz respeito a profundidade como aos aelerons.
Após o afinar dos comandos eis o que há para dizer:
O avião tem um descolar fácil. Após uma dezenas de metros levanta a roda traseira e após mais uma meia dúzia de metros basta um pequeno toque na profundidade para descolar. Enquanto no chão não tem tendência para se desviar da trajectória e uma vez no ar também não.
A aterragem também é fácil. Dado a grande área alar o avião quase que aterra e pára de seguida. Com vento eu consegui uma aterragem em que após um ou dois metros o avião já estava parado. Com menos vento, ou uma maior velocidade de aproximação a aterragem é também fácil, primeiro as rodas dianteiras e após alguns metros baixa a roda traseira.
O voo é de uma grande suavidade sendo que o avião está tem uma rota muito estabilizada.
Quanto à acrobacia? Eis alguns comentários
Falta de potência do Motor: o motor recomendado na revista é um motor de 4cm3 (.025ci) como tal coloquei-lhe um OS25FP que eu já tinha. Este motor revelou-se "curto" para o avião. No seguimento instalei-lhe um motor de 6,5cm3 simples, ou seja um OS40FP que se revelou apropriado para este avião. A conclusão que se pode tirar é a seguinte: ou se instala um bom 4cm3, ou então um 6,5cm3 normal. Rolamentos segundo o eixo das asas (vulgos "loopings") - São efectuados com grande precisão desde os mais fechados até aos mais abertos.
Rolamentos segundo o eixo do avião (vulgos "tonneau") - Aqui ainda não consegui fazer um rolamento a começar e a acabar no mesmo nível, mas suspeito que "as culpas" têm de ser divididas pelo piloto e pelo avião.
Voo invertido - é fácil de efectuar bastando um pouco de profundidade para ele manter a trajectória.
Estou a participar no campeonato de F3A-Nacional com o "Difícil" e o que se pode dizer é o seguinte:
Eis uma fotografia do "Difícil" na sua versão final.
Bem, esta é uma nova etape da vida do Difícil: "a reconstrução".
Após a recuperação da asa e já com algum
trabalho feito no corpo do avião.
Já quase todo pronto, só faltam os acabamentos.