nš 28 (múltiplo)
ISSN 0870-7669 Março-Outubro
1991
Folha Informativa
do Projecto "Computação no Ensino da Matemática"
Ensino da Matemática (em Inglaterra): implicações dos recursos
Calculadoras e computadores(1)
Talvez os novos recursos mais óbvios que apareceram no curriculo de matemática foram as calculadoras e os computadores. Só no fim dos anos 70 é que as calculadoras e os computadores se tornaram suficientemente baratos para serem usados largamente nas escolas. A mudança nos anos 80 foi dramática. (...) No início dos anos 90 as calculadoras são aceites nos exames e, fora uma ou duas excepções muito menores, em todo o Curriculo Nacional. Os computadores são comuns em todas as escolas e agora requeridos para algumas partes do Curriculo Nacional, embora a provisão mínima de um computador por sala de aula de matemática ainda não tenha sido atingida.
A tecnologia ditou o passo da mudança (...) Não era esperado que, uma vez as calculadoras livremente disponíveis em cada secretária, os alunos realizassem melhor o cálculo mental. (...) Agora é comum ver alunos de 5 e 6 anos lidando com o computador com muito mais confiança que os seus professores.
Portanto, um dos problemas levantados pelas calculadoras e computadores é o do fornecimento de adequada formação contínua aos professores. Não só é preciso dominar a tecnologia ao nível técnico como a muito maior questão do seu efeito sobre o curriculo de matemática precisa de ser avaliada.
Uma segunda e talvez mais premente questão, é o custo, que é exacerbado pelo facto de que os aparelhos electrónicos não durarem para sempre e que aparelhos melhores e mais baratos estão sempre a aparecer.
(...) No fim, o uso das calculadoras e computadores é controlado pela sua disponibilidade: frequentemente isso significa o custo. Devemos ser capazes de supor que a maioria dos alunos seriam capazes de comprar, e levar para a escola, a sua própria calculadora visto que o custo é trivial comparado com, por exemplo, a mesada. Sabemos, claro, que os alunos nem sempre compram uma calculadora. Portanto as escolas devem prever um 'stock' básico, suficiente para permitir aos alunos ter um acesso rápido a uma calculadora quando necessário. Isto pode causar sérios problemas de administração de que a única solução parece ser a vigilância eterna. Seria muito triste se os indiscutíveis benefícios das calculadoras fossem negados aos alunos devido a uma insuficiência de fundos (...).
Existe um debate continuado sobre a provisão "ideal" de computadores para as escolas. Um relatório recente (2), sugere que "o número mínimo de computadores necessários para satisfazer as exigências do Curriculo Nacional já especificadas deve ser de molde a atingir razões computador/aluno de 1:25 em todas as escolas primárias e 1:20 nas escolas secundárias". Isto é visto como um nível provisório, visto que "para atingir cabalmente o objectivo de usar as tecnologias da informação para aumentar a qualidade da aprendizagem através de todo o curriculo será eventualmente necessária uma razão computador/aluno de cerca de 1:6 nas escolas primárias e 1:6 nas escolas secundárias".
As razões para o uso dos computadores na aula de matemática são inquestionáveis. Existe uma necessidade urgente de fornecer um nível mínimo de um por sala de aula, e de fornecer acesso a mais máquinas, na sala de aula de matemática ou noutro lado, conforme requerido. Até atingir estes níveis de equipamento, os professores precisam de se assegurar que os alunos recebem pelo menos algum acesso a computadores durante as aulas de matemática. Não parece haver uma solução simples ou barata ao inadequado número de computadores na maioria das escolas (3) num futuro imediato.
(1)- extracto de uma brochura publicada em 1991 pela "Mathematical Association" (Inglaterra).
(2)- "Technologies for teaching" do "Parliamentary Office od science" and technology" (Inglaterra)
(3)- N.R.-nas escolas Inglesasclaro, porque das portuguesas nem vale a pena falar.
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